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200 feridos na retirada de colonos na Cisjordânia

Por Agencia Estado
Atualização:

Duzentos feridos, um em estado grave, e mais de 50 detidos. Esse foi o resultado de um dos embates mais violentos entre colonos e forças de segurança israelenses desde a retirada dos 21 assentamentos judeus do bloco de Gush Katif, na Faixa de Gaza, em agosto de 2005. Dessa vez, no entanto, não houve entendimentos, abraços ou conversas entre os 5.100 soldados e policiais mobilizados para fazer a retirada e os mais de 3 mil colonos e simpatizantes que se entrincheiraram nos telhados das nove casas marcadas para destruição no pequeno assentamento de Amona, poucos quilômetros ao norte de Ramallah, na Cisjordânia. Com alto-falante em punho, líderes do assentamento gritavam para que os colonos subissem nas lajes e se preparassem para a "guerra". "A luta pela terra de Israel começou!", gritava uma das líderes dos colonos. Do alto das lajes, envoltos por arame farpado, os colonos jogaram pedras, tinta e ovos contra os soldados e policiais, que reagiram usando cacetetes, gás lacrimogêneo e jatos d´água. Policiais a cavalo desbastaram à força uma multidão de jovens, a maioria adolescentes de 16 a 20 anos, que insistia em proteger com seus corpos os prédios que seriam demolidos. "Estamos enfrentando desordeiros que não aceitam a lei. Violência como essa contra nossas tropas só presenciei em confrontos com radicais palestinos em campos de refugiados na Faixa de Gaza", disse o comandante da polícia Yair Naveh. A retirada de Amona está sendo vista como o primeiro teste de força do primeiro-ministro israelense em exercício, Ehud Olmert. Um mês depois da internação de Ariel Sharon, Olmert estaria tentando provar que, como seu antecessor, também tem a capacidade de desmantelar assentamentos israelenses em territórios palestinos. Isso é mais do que importante para Olmert, que luta para herdar a imagem de "todo-poderoso" de Sharon a dois meses das eleições gerais de 28 de março. "Olmert quer mostrar que é mais Sharon do que Sharon", definiu o jornalista e radialista Razi Barkaí. Amona faz parte de um grupo de dezenas de colônias erguidas sem aprovação do governo israelense nos anos 90. Estavam no alto de uma colina da Cisjordânia, em terras privadas palestinas, ao lado de um assentamento israelense maior, o de Ofra. Recentemente, a Suprema Corte de Israel aprovou a destruição das casas, o que vai ao encontro do que exige o mapa da estrada, o acordo de paz ainda em vigor entre israelenses e palestinos. De acordo com ele, todas as colônias ilegais perante a lei israelense devem ser retiradas e os assentamentos legais não podem ser expandidos. Aqui em Amona a ordem foi cumprida, e as 38 famílias, retiradas. Antes da demolição das nove casas, as forças policiais tiveram de enfrentar a resistência de jovens como Shimrit Rada, de 17 anos. Chorando, sentada num canto da estrada que levava à entrada principal de Amona, a jovem Shimrit ainda tentava convencer um soldado a desertar: "A Terra de Israel é nossa, ela é a nossa vida!", berrava Shimrit. "Noventa por cento das construções dos palestinos também são ilegais. Por que você não vai destruir as casas deles?", dizia. Shimrit não era moradora de Amona, assim como a grande maioria dos adolescentes religiosos de extrema-direita que correram para o assentamento nos últimos dias. Esse é também o caso de Alon Chen-Tzion, de 18 anos, que, momentos antes da chegada das tropas a Amona, tinha certeza de que era possível expulsar do local os soldados e policiais.

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