2006 foi o ano mais fatal para jornalistas desde 1994

Iraque e México foram os países com maior número de profissionais mortos

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Por Agencia Estado
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O ano de 2006 foi o mais fatal para os jornalistas desde 1994, uma vez que pelo menos 81 morreram em 21 países no exercício de sua profissão ou por expressar suas opiniões, segundo a organização não governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Deste total, 39 morreram no Iraque e nove no México. Além disso, 32 colaboradores de meios de comunicação, como motoristas, tradutores, técnicos ou seguranças foram assassinados no mundo, contra cinco em 2005, diz o balanço anual divulgado neste domingo, 31, pela RSF. A organização de defesa da liberdade de imprensa contabilizou 871 detenções de jornalistas este ano, 1.472 agressões ou ameaças (um recorde) e censuras a 912 veículos. Depois de destacar que o recorde de agressões e ameaças pode estar ligado ao elevado número de campanhas eleitorais, a RSF lembrou que no Peru, em março, um mês antes das eleições presidenciais, mais de dez casos de agressão a jornalistas e igual número de ameaças já tinham sido contabilizados. Em Marília, no Brasil, os seguidores de um político local saquearam o prédio de um jornal no dia do primeiro turno das eleições. Com pelo menos 56 jornalistas seqüestrados em 2006 em cerca de dez países (seis profissionais em Gaza, que foram seqüestradores, e 17 no Iraque, onde seis foram executados por seus raptores), a RSF ressaltou que o rapto de jornalistas se transformou "numa preocupação a mais". O balanço de 2005 - quando a RSF ainda não contabilizava os seqüestros - contabilizou 63 jornalistas mortos, pelo menos 807 detidos, 1.308 agredidos ou ameaçados e 1.006 meios de comunicação censurados. Iraque Pelo quarto ano consecutivo, o Iraque foi o país mais perigoso para os profissionais da imprensa, segundo a organização. Ao longo do ano, disse a RSF, 64 jornalistas ou colaboradores de meios de comunicação morreram no Iraque. Desde o começo da guerra, em 2003, 139 jornalistas morreram no país, ou seja, mais que o dobro de mortes de profissionais do ramo registrada nos 20 anos da Guerra do Vietnã (1955-1975). Em quase 90% dos casos, as vítimas foram jornalistas iraquianos, de acordo com a RSF, que denunciou que as investigações são "raríssimas e nunca levam a nada". México Segundo país mais perigoso para os jornalistas, o México se tornou o "mais mortífero do continente americano", ultrapassando a Colômbia (três mortos), destacou a organização. Em 2006, nove jornalistas morreram no México porque "investigavam os narcotraficantes ou cobriam movimentos sociais violentos", informou a RSF, ao mencionar a morte a tiros de um cinegrafista americano em Oaxaca em outubro passado e a do diretor do periódico mensal Dos Caras, una verdad, especializado em informação sobre os assassinatos não esclarecidos e o tráfico de drogas, em agosto, em Chihuahua. Entre os 16 jornalistas assassinados nas Américas, três eram da Colômbia, um do Brasil, outro da Venezuela, um da Guatemala e outro do Equador. No continente, 65 profissionais foram detidos, 476 foram agredidos ou ameaçados e 74 veículos foram censurados.

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