41% dos franceses julgam "positivo" o papel da extrema esquerda

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma pesquisa do grupo IFOP publicada pelo Jornal de Dimanche surpreendeu os meios políticos com a revelação de que 22% dos franceses que nunca votaram a favor da extrema esquerda na França não excluem essa possibilidade nas eleições regionais e européias de 2004. Hoje chamada "a outra esquerda", em grande parte de origem trotskista, ela exclui qualquer cooperação com os partidos da esquerda tradicional, não apenas o PS e os verdes, mas também os comunistas. A pesquisa revela que 41% dos franceses estimam que "a extrema esquerda desempenha um papel positivo no debate político". Apesar desses números, 79% do eleitorado francês rejeita, de forma contundente, acordos eleitorais entre a direita e a extrema direita, e mesmo entre a esquerda clássica e a "outra esquerda" (71%). Isso confirma o pacto republicano que permitiu a reeleição do presidente Jacques Chirac com 82% dos votos da esquerda e da direita clássicas contra a extrema direita lepenista. Essa pesquisa contribuiu para dopar o entusiasmo dos militantes esquerdistas que hoje participaram do encerramento, em Saint Denis, do congresso da Liga Comunista Revolucionária, LCR, o partido cujo principal cacique continua sendo o antigo dirigente trotskista Alain Krivine. Ele foi o responsável pelo lançamento do atual porta-voz do partido, um jovem de 27 anos, Olivier Besancenot, funcionário dos correios e ex-candidato à presidência da República em 2002, tendo reunido uma votação significativa, 5% dos votos no primeiro turno. Nesse Congresso, os trotskistas franceses decidiram unir suas forças nas próximas eleições e anunciaram listas comuns de candidatos com a outra facção trotskista, Luta Operária, cujo porta-voz é a conhecida Arlette Laguiller, eterna candidata do partido à presidência da República. Os dois partidos da mesma origem obtiveram no primeiro turno das eleições presidenciais quase 10% dos votos, contribuindo para a derrota do candidato socialista, por coincidência também um ex-trotskista, o ex-primeiro ministro Lionel Jospin.

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