O nazismo alemão matou pelo menos seis milhões de judeus e a história de uma garota de 15 anos é símbolo dos horrores vividos naqueles anos até hoje. Anne Frank escreveu em um diário detalhes de como foi a vida de fugitiva do regime nazista entre seus 13 e 15 anos.
Ela e a família fugiram da perseguição aos judeus em Frankfurt, onde viviam, em 1940. O destino foi a Holanda. Eles viveram em um anexo secreto de um prédio de três andares de Amsterdã, que viria a ser ocupado por tropas alemãs.
Viviam juntas nos 120 metros quadrados do esconderijo oito pessoas. Além dos Frank, dividiam o espaço a família de seu sócio - Van Pels - e um dentista amigo deles.
Com a ocupação alemã, as leis foram dificultando cada vez mais a vida dos judeus, até o ponto de eles serem proibidos de ter negócios próprios ou frequentar locais como parques e lojas não-judaicas. O esconderijo foi descoberto pela polícia secreta alemã em agosto de 1944.
Depois, Anne viveria sete meses entre campos de concentração como Westerbork, Auschwitz e, por fim, Bergen-Belsen, relata a austríaca Melissa Müller, no livro Anne Frank - uma biografia. A jornalista descreve as situações de maus tratos, doenças infecciosas, fome e frio. Anne e a irmã Margot, três anos mais velha, morreram em um dia desconhecido de fevereiro de 1945 - provavelmente de fome e tifo.
O Diário de Anne Frank
O pai de Anne Frank foi o único sobrevivente e, após o fim da 2.ª Guerra, voltou para Amsterdã e encontrou o diário da filha, que havia sido guardado por Miep Gies, a mulher que ajudou a família a se esconder.
Os relatos do diário de Anne descrevem sua realidade entre junho de 1942 e agosto de 1944. A sua rotina era de invisibilidade: cortinas sempre fechadas, pouquíssimo barulho e comunicação por sussurros. Todo o cuidado, no entanto, não foi suficiente para evitar a denúncia que levaria todos a serem enviados para campos de concentração nazista.
Esconderijo virou museu
O local onde ela se escondeu hoje é um museu e recebe mais de 1 milhão de visitantes por ano na Holanda. O diário virou livro e foi traduzido para mais de 70 idiomas. Foram vendidos mais de 35 milhões de exemplares. A primeira publicação foi realizada em 1947 na Holanda, com o título de Het Achterhuis (O Anexo Secreto). A obra é considerada patrimônio da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
‘Uma história que não podemos esquecer’
Para Zalmir Chwartzmann, presidente em exercício da Confederação Israelita do Brasil (Conib), um dos deveres das gerações atuais é não permitir que as atrocidades cometidas pelo regime nazista sejam esquecidas. E é aí que a história de Anne Frank cumpre um papel importante.
“Além da tragédia de uma criança e todo o horror da 2.ª Guerra, o fato de ter se podido conhecer como ela viveu, o que ela pensou, o que passava, é quase como um espelho do que aconteceu com as 1,5 milhão de crianças judias mortas naquele período”, afirma.
Segundo ele, ações assim ajudam a evitar a ascensão de movimentos como o neonazismo. “A Alemanha nazista nasceu pelos pensadores que gestaram aquela coisa toda, não só pelos generais. As entidades e organizações da sociedade devem combater essa ideia”.