75 milhões de americanos vão às urnas na 3ªF

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 75 milhões de americanos - menos da metade dos eleitores potenciais - devem votar na próxima terça-feira em eleições gerais que poderão influir fortemente no rumo da segunda metade do governo do presidente George W. Bush e em suas chances de ser reeleito para um segundo mandato, em novembro de 2004. Estão em jogo o controle político das duas Casas do Congresso e os governos de 36 dos 50 Estados, além de milhares de postos eletivos para os Legislativos e Executivos estaduais e locais. Tradicionalmente, as eleições que ocorrem no meio do mandato do presidente tendem a favorecer o partido da oposição. Mas a popularidade que Bush ganhou depois dos ataques terroristas de 11 de setembro e um grande número de disputas acirradas tornaram o desfecho imprevisível. Os republicanos trabalham para preservar a apertada maioria de nove votos que têm hoje na Câmara de Representantes. Os 435 deputados federais são eleitos por dois anos por distritos com número comparável de votantes. Mais de 80% dos atuais membros da Câmara devem ser reconduzidos. Mas o redesenho do mapa dos distritos, que é feito a cada dez anos de acordo com o recenseamento da população, e outros fatores tornaram cerca de 40 das disputas ao Legislativo extremamente apertadas. No Senado, onde os democratas controlam a maioria por apenas 1 cadeira de diferença, serão decididas 34 das 100 vagas. Catorze delas pertencem hoje a democratas, e 20, a republicanos. Embora esses números sugiram que os democratas estão bem posicionados para preservar e mesmo ampliar o mando, as pesquisas recomendam cautela. A morte repentina do senador democrata Paul Wellstone, de Minnesota, num acidente de avião, na semana passada, trouxe de volta à ativa o ex-vice-presidente Walter Mondale, que assumiu o lugar do candidato a pedido de sua família. Esta e quatro outras disputas, em Missouri, New Jersey, Carolina do Norte e Louisiana, podem determinar o resultado final. Os republicanos defendem o maior número de postos em jogo - 24 de 36 - também nas disputas pelos governos estaduais. Mas a briga pelo governo da Flórida concentra as atenções. O candidato republicano à reeleição é o irmão mais novo de Bush, Jeb. Por causa do parentesco entre o candidato e o presidente e do desejo de revanche dos democratas da Flórida contra Bush, que ganhou a eleição presidencial de 2000 no Estado - e a Casa Branca - por decisão judicial, a votação transformou-se numa espécie de referendo sobre o líder americano. Na sexta-feira, Jeb Bush estava apenas alguns pontos à frente de seu desafiante, o advogado Bill McBride, e contava com o impacto de uma visita do irmão presidente, neste fim de semana, para garantir a vitória. Bush irá também a Minnesota e a New Jersey, onde os republicanos têm chances razoáveis de capturar vagas hoje nas mãos dos democratas. Os democratas contra-atacarão com o ex-presidente Bill Clinton, que continua a ser imensamente popular em certos segmentos da população, como os negros, que podem definir as eleições em mais de um Estado. De acordo com os estrategistas democratas e republicanos, o resultado final dependerá da capacidade dos candidatos e das máquinas eleitorais dos dois partidos de convencer os eleitores a comparecer para votar. O Partido Democrata e a AFL-CIO, a principal central sindical americana, investiram cerca de US$ 40 milhões durante a campanha em atividades de mobilização dos eleitores. Os mais abonados republicanos gastaram mais ainda. A apatia demonstrada pelos eleitores até agora desmentiu uma das teorias propaladas depois do 11 de setembro, segundo a qual o sentimento de solidariedade interna criado pelo ataque ao país levaria os americanos a redescobrir o civismo e a importância da participação no processo político do país. Não apenas isso não aconteceu, como é possível que os americanos venham a ficar ainda mais desanimados com seu processo eleitoral diante das confusões que devem marcar a apuração dos resultados finais em vários pleitos. Problemas técnicos, as peculiaridades de algumas das disputas e ações judiciais já em curso poderão mesmo impedir que se saiba durante dias ou mesmo semanas quem controlará a Câmara e o Senado. De acordo com organizações especializadas no estudo das eleições, 5 milhões de votos poderão continuar indeterminados na noite de terça-feira. Em Minnesota, a necessidade de substituir o candidato democrata faltando apenas uma semana para a eleição levou as autoridades do Estado a mandar imprimir cédulas de papel, porque as máquinas de votar já estavam programas e haviam sido enviadas às diferentes seções. Em Louisiana, que segue regras próprias, a senadora democrata Mary Landrieu enfrenta três adversários republicanos. Se ela não conseguir 50% dos votos, terá de disputar um segundo turno, no dia 7 de dezembro. Como é possível que as disputas nos outros Estados mantenham o Senado dividido ao meio entre democratas e republicanos, não se deve descartar a possibilidade de uma espera de um mês para saber qual partido terá a maioria. Ações judiciais em torno de votos por correspondência previstas em várias eleições para deputados podem manter o desfecho incerto por vários dias ou semanas também na Câmara de Representantes.

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