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A busca por uma nova política de reforma e abertura

Por É MEMBRO DA UNIVERSIDADE YALE , EX-CHAIRMAN DO MORGAN STANLEY ASIA e AUTOR D "THE NEXT ASIA"
Atualização:

Análise: Stephen S. Roach / NYTHoje na China não há muito debate sobre estratégia econômica. Os chineses aceitaram a necessidade de um importante reequilíbrio do seu modelo de crescimento - mudar a estratégia conduzida por investimentos e exportações dos últimos 33 anos e atrair cada vez mais apoio dos seus 1,3 bilhão de consumidores. Esse plano foi explicado pela primeira vez pelo premiê Wen Jiabao há mais de cinco anos, quando fez a avaliação de que a economia chinesa é "instável, desequilibrada, descoordenada e (em última instância) insustentável". O que levou à promulgação do 1.º Plano Quinquenal em 2011, cuja implementação foi retardada. Essa tarefa cabe agora aos novos líderes ungidos no Congresso do partido.Ao tentar decifrar as discussões no Congresso, a chave pode estar no script de Deng Xiaoping. No chamado Terceiro Plenário da 11.ª reunião do Comitê Central do Partido Comunista no final de 1978, Deng percebeu a urgência e a necessidade imprescindível de uma transição pós-Mao e forjou um novo rumo para o país com duas palavras simples: "reforma e abertura". Nos anos que se seguiram, este mantra foi traduzido em ações por um milagre de desenvolvimento sem precedentes durante 30 anos.Do mesmo modo que Deng encontrou a resposta para os imperativos de uma transição na China, realizando um maremoto de reformas, a mesma oportunidade aguarda a próxima China. Três grandes iniciativas são necessárias para tornar o Plano Quinquenal, direcionado para o consumo, uma realidade. Em primeiro lugar, a China precisa adotar um grande conjunto de regras destinadas a uma abertura do seu setor de serviços. A segunda maior economia do mundo não pode se permitir ter um setor de serviços que representa apenas 43% do seu PIB, muito abaixo das taxas verificadas em outras grandes economias da Ásia, como Índia, Coreia e Taiwan, e muito aquém dos 75% verificados nas economias avançadas. O crescimento do setor de serviços propiciaria a infraestrutura para a demanda do consumidor, especialmente em setores de distribuição negligenciados como o comércio varejista e atacadista, a logística da cadeia de suprimentos e transporte doméstico. Os serviços exigem 35% mais de empregos por unidade de produção e consomem menos recursos naturais e energia.Em segundo lugar, a China precisa acabar com a insegurança financeira da sua população resultante de programas sociais permeáveis. Apesar dos avanços consideráveis na criação de planos de aposentadoria e saúde nacionais, esses programas ainda se ressentem da escassez de financiamento, que limita os benefícios. Em terceiro lugar, a China precisa de uma nova rodada de reformas das estatais. A primeira onda de reformas no final dos anos 90 aumentou a eficiência da economia. O enxugamento, a consolidação e o registro das ações das empresas estatais em mercados de capital mundiais estão no centro de um novo modelo empresarial na China. Mas o que se verifica é um retrocesso neste campo, especialmente após a crise de 2008-2009, quando bancos estatais canalizaram um estímulo fiscal maciço para as empresas estatais.O premiê Wen alertou para os riscos deste recuo, especialmente aqueles apresentados por um sistema bancário cada vez mais concentrado. Novas reformas no campo empresarial são o único antídoto. Depois de duas décadas de grandes reformas, o ímpeto diminuiu nos últimos 10 anos. O legado de Deng esvaneceu-se na corrida para um rápido e vigoroso crescimento. Mas sem reformas e abertura o milagre chinês não teria ocorrido. Um empurrão similar é vital para a China avançar para a próxima etapa desta sua formidável jornada para o desenvolvimento. O 18.º Congresso do Partido Comunista revelará o pleno compromisso da China com sua nova estratégia. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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