A civilização ocidental começou no lugar onde cairão as bombas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Torre de Babel, os Jardins Suspensos da Babilônia, o herói mítico Gilgamesh e a legendária Nínive são alguns dos marcos que ao longo de mais de 5.000 anos formataram a pedra angular da civililzação ocidental no que hoje é o território do Iraque. Na Mesopotâmia, a faixa de terra fértil entre os rios Tigre e Eufrates, e nas zonas adjacentes - onde hoje se erguem Bagdá, Basra e outras cidades iraquianas -, floresceram sucessivamente os reinos de Sargon, Hamurabi, Senaquerib, Arsubanípal e Nabucodonosor. Povos e mais povos Nesses territórios, por onde passaram sumérios, acádios, babilônios, assírios, hititas, arameus, caldeus, persas, gregos e romanos, entre muitos outros povos, se originou o mito do dilúvio universal e se criou uma das primeiras formas de escrita, a cuneiforme. De Ur, uma de suas cidades mais antigas e que foi o orgulho dos sumérios, saiu aproximadamente no ano de 1900 A. C. o patriarca Abrahão, que se tornaria uma das figuras fundadoras das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Na Babilônia - que foi ocupada pelos persas a mando de Ciro, o Grande, e que assistiu à morte de Alexandre Magno,da Macedônia -, ficavam os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo, e era a sede do templo do deus Marduk, que pode ter dado origem à concepção bíblica da Torre de Babel. Os territórios da Mesopotâmia foram cenários de incontáveis batalhas mas também foram o berço do primeiro código de leis e de algumas das primeiras manifestações literárias: os épicos, as lamentações e as disputas. Em torno de 1775 A.C., o rei babilônio Hamurabi redigiu o famoso código legal com penas para os delitos e transgressões, mas também com disposições de proteção para as mulheres. Hoje o código está em exposição no Museu do Louvre, em Paris. Primeira biblioteca da antiguidade Durante séculos, babilônios e assírios - tendo como centro as cidades de Nínive e Ashur - disputaram o território e se alternaram em sua primazia. Aproximadamente em 670 A.C., o rei assírio Arsubanípal recopilou a primeira grande biblioteca da antigüidade, muito antes da mais famosa em Alexandria, no Egito. Segundo o especialista Samuel Noah Kramer, os sumérios, que se desenvolveram em Ur, Nippur, Lagash, Eridu e Erech (Uruk), deixaram o legado da cidade-Estado, das leis escritas e de um sistema matemático sexagesimal (baseado no número 60), e provavelmente as rodas de oleiro e de carroça, o barco a vela. Em janeiro, vários arqueólogos e curadores de antigüidades, preocupados com que um conflito bélico no Iraque possa destruir monumentos que são patrimônios da humanidade, reuniram-se com funcionários do Pentágono e do Departamento de Defesa americano para indicar os lugares de importância histórica e cultural do Irque e pedir-lhes que os preservassem em caso de guerra. Conseguiram que o Pentágono aumentasse de 150 para 4.000 a cifra de monumentos e sítios arqueológicos e culturais que havia discriminado para poupá-los em tal enventualidade. Mitos A riqueza da região não se esgota, no entanto, em seu legado histórico, legal e cultural, mas também abarca a originalidade de seus antiqüíssimos mitos, que foram reinterpretados por sucessivas civilizações até se incorporarem ao patrimônio da humanidade. - O mito do dilúvio pode ter-se originado na Suméria com uma inundação na confluência dos dois grandes rios aproximadamente no ano de 2900 A.C.. O episódio teve tal impacto que a Lista Suméria de Reis divide a história em antes e depois da inundação (os oito reis anteriores são conhecidos como "antediluvianos"). Um dos posteriores ao dilúvio é Gilgamesh, que viveu aproximadamente em 2600 A.C. e que com o tempo ganhou estatura de lenda. - A arca de Noé tem seu antecessor no mito sumério de Ziusudra, a quem um deus protetor salvou do dilúvio instruindo-o para que construísse uma arca. - Moisés tem um antecedente em Sargon, o rei dos acádios, em 2350 A.C. aproximadamente, colocado por sua mãe em uma cesta lançada ao rio, e que foi resgatado e criado por estranhos. Segundo o historiador H.W.F. Saggs, por seus contatos com a Assíria, os persas foram os herdeiros definitivos do império assírio e transmitiram muitas das características da cultura assíria e babilônica aos gregos - e, por intermédio destes, ao mundo inteiro. Para ler mais sobre este tema: Ameaça à História do homem Veja o especial :

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.