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'A crise síria é doméstica e será resolvida pela Síria'

Por GENEBRA
Atualização:

O embaixador da Síria na ONU, Faysal Khabbaz Hamoui, elogiou o governo brasileiro e a posição do Itamaraty de evitar politizar a crise em seu país. Em entrevista exclusiva ao Estado, o diplomata aponta que o Brasil "entendeu" que não há como promover sanções ou uma invasão estrangeira. Mas parte para o ataque contra o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, líder da comissão internacional que investigou os crimes cometidos pelo governo de Bashar Assad. Eis os principais trechos da entrevista.Como o sr. avalia as conclusões da comissão de investigação liderada por brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro?São conclusões parciais que levam em conta apenas um lado da história. Eu mesmo falei uma semana antes de sua publicação com Pinheiro e expliquei que ele seria autorizado a entrar na Síria. Mas pedi tempo. Ele não me escutou e resolveram publicar o relatório. É uma pena. O que o governo sírios questiona nas conclusões da investigação?A comissão ficou satisfeita apenas em criticar. Negligenciou as informações que passamos a eles. Não tem credibilidade. Ignoraram reformas que fizemos e os ataques de gangues e terroristas. Nós faremos reformas importantes até fevereiro, com eleições democráticas e liberdade de imprensa. Ele não foi objetivo.Mas a própria ONU já trata da crise como uma guerra civil. Há uma tentativa de criar mais tensão. Não tenho escutado apelos internacionais para que as forças da oposição abandonem as armas e para que haja um diálogo.O Brasil aumentou o tom das críticas contra a Síria, depois de ter tentado o diálogo e enviado missões. Como o sr. avalia a posição do Brasil?Nossas relações com o Brasil continuam excelentes. O Brasil entendeu que não pode politizar a questão de direitos humanos. No Conselho de Segurança, o Brasil adotou uma posição exemplar ao evitar sanções. Estamos convencidos de que essa posição vai ser mantida. Mas com as mortes já superando a marca de 4 mil pessoas, não há nenhum sinal de que a violência acabe. O que sr. defende como solução?Esse é um problema doméstico da Síria e a solução será doméstica. A solução não virá dos corredores das Nações Unidas. Essas festividades que são promovidas nessas reuniões não servem para nada. Elas são parte de um mecanismo estéril e apenas fecham as portas do diálogo. / J.C.

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