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A derrota da social-democracia europeia

Assim como na Holanda, nas eleições de março, a social-democracia - principal força europeia há décadas e representada na França pelo Partido Socialista - será a grande perdedora da eleição presidencial deste domingo

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Por Redação
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Mesmo que Emmanuel Macron vença, nem Marine Le Pen nem a Frente Nacional (FN) sairão derrotadas das eleições deste domingo na França. Não apenas pelo patamar histórico de votos alcançado - a previsão é que ela obtenha pelo menos 37%, mais que o dobro do resultado do pai, Jean-Marie Le Pen, em 2002 (17,8%). 

Tampouco pela chance de ampliar, nas eleições legislativas de junho, sua base parlamentar de apenas dois para até 25 deputados, segundo a previsão do instituto OpinionWay (veja a tabela abaixo). Mas por ter conseguido, pela primeira vez numa potência europeia desde a 2ª Guerra, pôr no centro da arena política não mais o debate econômico, entre esquerda e direita - e sim o de identidade, entre nacionalistas e liberais. Opostos na visão sobre imigração, integração à União Europeia, abertura comercial e questões sociais, Macron e Le Pen representam os dois novos polos que, nos próximos anos, prometem dominar a política não apenas na França. 

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A maior derrotada, como na Holanda nas eleições de março, é a social-democracia, principal força europeia há décadas, representada pelo Partido Socialista francês. O PS tende a sumir como força política, para ceder espaço ao projeto liberal de Macron. Não à toa. Na França, país conhecido pelo estatismo atávico, o governo consome incríveis 53,3% do PIB - vice-recorde em sociedades complexas, atrás apenas da Finlândia.

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- Trumpcare se tornará problema para Trump Se três senadores republicanos votarem contra, o Trumpcare naufraga. Pelo menos dez fazem reservas ao texto aprovado na Câmara. Só o encolhimento em US$ 880 bilhões do Medicaid, programa que beneficia os americanos mais pobres, deixaria 14 milhões sem cobertura em dez anos - num total de 26 milhões. Se virar mesmo lei, a inevitável impopularidade do Trumpcare, bem pior que o já sofrível Obamacare, ameaça a maioria do governo na Câmara nas eleições legislativas do ano que vem.

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