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A dura tarefa de fazer oposição ao democrata

Por Adam Nagourney
Atualização:

O papel de fazer oposição a Barack Obama não é fácil. Quase dois meses depois da eleição, os republicanos enfrentam dificuldades para descobrir como contestá-lo ou criticá-lo - e até mesmo para decidir se devem fazê-lo ou não. Obama tem-se mostrando um alvo frustrante. Ele não se deixou enquadrar pela ideologia. Suas escolhas para a composição do gabinete receberam elogios de todo o espectro político. A tentativa do Comitê Nacional Republicano de vincular Obama ao escândalo envolvendo a suposta disposição do governador de Illinois, o democrata Rod. R. Blagojevich, de negociar a vaga deixada por Obama no Senado foi desconsiderada por ninguém menos do que John McCain, o candidato republicano derrotado na eleição. Há muitas batalhas por vir que podem oferecer aos republicanos a oportunidade de recuperar o equilíbrio. Sem dúvida eles encontrarão argumentos para usar contra Obama quando, por exemplo, ele começar a expor os detalhes dos seus planos de estímulo econômico. Essa demonstração de incerteza republicana é um testemunho da habilidade política do próximo presidente, e um lembrete do quão difícil é a situação enfrentada pelo partido. É também uma amostra da situação em que se encontra o país: energizado pela perspectiva do início do mandato de um presidente que tem grande apoio popular e, ao mesmo tempo, demonstra preocupação com o futuro do país. "Não há sentido em ir contra Obama no momento. O país enfrenta sérios problemas e um novo presidente está prestes a assumir. Seria irracional desejar seu fracasso", disse o ex-presidente da Câmara, o republicano Newt Gingrich. Enquanto candidato e presidente eleito, Obama mostrou-se hábil em escapar das definições ideológicas; isso ficou ainda mais claro quando ele começou a montar seu gabinete, mantendo abertas as suas opções relativas a temas como a revogação dos cortes de impostos que beneficiaram os mais ricos. A campanha presidencial o ensinou a evitar os erros políticos e a corrigi-los rapidamente, quando ocorrerem. A natureza histórica da sua presidência - o fato de ele ser o primeiro afro-americano eleito presidente, o que gerou imenso interesse no país e no mundo - complicou ainda mais as coisas para uma oposição em busca de um ângulo de ataque. O Comitê Nacional Republicano parece enfrentar problemas especialmente na busca pelo tom mais correto para fazer suas críticas. O seu presidente, Mike Duncan, disse que o partido deveria desempenhar o papel de "oposição leal: fazer perguntas, concordar naquilo que for possível, mas questionar sempre". Ele admitiu que a tarefa não é fácil, mas sugeriu que a dificuldade diminuirá depois que Obama assumir o cargo e enfrentar os problemas concretos e a necessidade de cumprir as promessas de campanha. Após as derrotas sofridas pelo partido em novembro, os republicanos enfrentam dificuldade para chegar a qualquer tipo de consenso para além da mais vaga das generalidades. E não parece que a situação vá se alterar num futuro próximo, enquanto o partido tenta descobrir como exatamente lidar com este novo presidente. *Adam Nagourney é analista do ?New York Times?

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