A exemplo da Al-Qaeda, Estado Islâmico cresce com 'franquias'

Grupo já tem militantes lutando em seu nome em países como Egitoe Líbia e busca aliadosno Afeganistão

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Por ERIC SCHMITT e DAVID D. KIRKPATRICK
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O Estado Islâmico (EI) tem se expandido para além de suas bases na Síria e no Iraque. A exemplo do que ocorreu com a Al-Qaeda, grupos afiliados ao EI tem surgido no Afeganistão, na Argélia, no Egito e na Líbia. Segundo o general Vincent R. Stewart, diretor da Defense Intelligence Agency, o EI "começa a expandir sua marca internacionalmente". Não se sabe claramente o quão eficazes são essas novas afiliadas ou até que ponto são apenas uma recriação oportunista de uma marca por parte de jihadistas que esperam recrutar novos membros aproveitando-se da notoriedade do EI. Alguns analistas temem que esse fenômeno possa envolver os EUA num conflito extenso, num momento em que o presidente Barack Obama solicitou novos poderes para combater o EI. A repentina proliferação de afiliadas do EI e de combatentes leais ao grupo motivaram a iniciativa da Casa Branca de buscar novos poderes para perseguir os militantes em qualquer lugar onde surgirem seguidores - do mesmo modo que, na década passada, Obama e o presidente George W. Bush perseguiram franquias da Al-Qaeda fora da base do grupo. "Não queremos que nenhum membro do EI tenha a impressão de que, se mudar para algum país vizinho, estará basicamente num lugar seguro, longe do alcance dos Estados Unidos", afirmou o porta-voz de Obama, Josh Earnest. O EI começou a atrair grupos e combatentes jurando lealdade à organização depois da criação de um "califado", um Estado religioso, em junho de 2014. Segundo analistas do setor de contraterrorismo, o EI vem utilizando a mesma estrutura de franquias da Al-Qaeda para expandir seu alcance geográfico, mas sem o processo de adesão rigoroso e plurianual da Al-Qaeda. Desse modo, suas franquias podem aumentar de modo mais rápido, mais fácil e em pontos mais distantes. "As facções que eram ao mesmo tempo parte da Al-Qaeda e suas afiliadas, como também grupos leais a ela ou que de alguma maneira trabalhavam em conjunto com ela, estão se transferindo para o que consideram mais um grupo vitorioso", disse Steven Stalinsky, diretor executivo do Middle East Media Research Institute. Na semana passada, no Afeganistão, um drone americano matou o ex-comandante do Taleban Mullah Abdul Rauf Khadim, que havia jurado fidelidade ao EI e vinha recrutando combatentes. Essa promessa, no entanto, parece indicar mais um aprofundamento das divisões internas do Taleban que uma grande expansão do EI. No Iêmen, uma facção da franquia da Al-Qaeda no país jurou lealdade ao líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi. No Egito e na Líbia, organizações militantes ativas juraram fidelidade ao grupo e foram reconhecidas publicamente como "províncias" do pretenso califado. Embora existam poucas ou nenhuma evidência de que os líderes do EI na Síria e no Iraque têm controle prático sobre suas "províncias" no Norte da África, sua influência já é aparente nas operações e já vem desestabilizando países em torno delas. Uma publicação distribuída pelo EI na semana passada incluía uma foto de combatentes na Líbia com seus afiliados passando em revista 21 cativos cristãos egípcios vestidos com uniformes cor de laranja (mais informações nesta página). No Egito, no ano passado, o grupo extremista com base no Sinai Ansar Beit al-Maqdis enviou emissários para o EI na Síria solicitando ajuda financeira, armas e orientações táticas. Autoridades ocidentais, especialmente no sul da Europa, temem que as três "províncias" líbias se transformem em bases para combatentes do EI que viajam pelo Mediterrâneo, para entrar no Norte da África. "É um conflito real. Os membros do EI estão tentando criar um território separado da ampla coalizão islamista e os estão desafiando em seu próprio terreno", disse Frederic Wehrey, do Carnegie Endowment. "Ao mesmo tempo, outros extremistas estão se desligando, atraídos para o EI e ficando mais audaciosos." /Tradução de Terezinha Martino

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