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A guerra, o petróleo e a economia mundial

Por Agencia Estado
Atualização:

Os europeus estão convencidos de que toda a agitação de Bush a propósito do Iraque tem a ver com as reservas de petróleo iraquianas. Os Estados Unidos pensam que, se Paris se opõem à guerra, é por causa do petróleo. Vá saber! O problema é muito confuso para dar uma resposta franca. Consideremos, em primeiro lugar, o estado das coisas: as reservas de petróleo iraquiano são enormes, 112 bilhões de barris de petróleo cru, dos quais 35 bilhões imediatamente exploráveis. Duas empresas estrangeiras fizeram uma concorrência para explorar o tesouro: a francesa Totalfina e a russa Lukoil pegaram, só para eles, opções que cobrem um quarto dessa produção potencial. A China também tem contratos. Por que o Iraque concordou em fazer contratos com esses três países? Segundo os analistas do Deutsche Bank, "o Iraque fechou com a França, a Rússia e a China graças aos seus contratos lucrativos, de bilhões de dólares, com o objetivo de influenciar esses três membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, os que têm o direito a veto." A questão, agora, é a seguinte: na possibilidade de um pós-guerra, pode ser que os EUA, convertidos em guardiães das chaves do Iraque e dos países vizinhos, redistribuirão completamente as cartas para dar a melhor parte do bolo às suas próprias empresas? As empresas petrolíferas francesas se dizem confiantes. Elas esperam ocupar um bom espaço no Iraque. Assinalam que o Oriente Próximo possui 66% das reservas mundiais de petróleo, enquanto a França tira dessa região apenas 18% de sua produção. Mas os EUA não vão colocar as mãos, em parte, nesse pé-de-meia? Outra questão: se nos contentamos em fazer previsões de curto prazo - para os próximos três meses -, o petróleo vai ter também um papel decisivo. O que vai ser do preço do barril - que já aumentou para US$ 32 -, se a região pegar fogo, como é provável que aconteça? Os analistas se puseram a fazer cálculos. Eles nos entregaram suas conclusões, o que é uma coisa boa. Esses números constituem uma espécie de bússola, que não vai tirar do caminho quem toma as decisões. Infelizmente, sabemos que esses "previsionistas" são cabeças bizarras. Hoje, depois de horas de cálculo, eles nos anunciam que o preço do petróleo poderá ou descer a US$ 15 o barril ou aumentar até US$ 100. Claro, a diferença é grande, mas não satisfaz os "previsionistas". Eles já fizeram melhor. Para o Instituto Francês de Petróleo (IFP), há três possibilidades. Primeira: nada de guerra. Nesse caso, o preço do petróleo vai ser razoável. Poderá baixar para até US$ 22 em setembro. Segunda: uma guerra relâmpago, sem catástrofes colaterais. Substituição por um regime democrático, ou seja, "americano". Neste caso, o petróleo poderá cair, a partir de julho, para US$ 22 o barril. Terceira: o pior cenário. A guerra dura mais do que o necessário e promove estragos na região. Poços de petróleo incendiados, terrorismo e até, se imaginarmos o pior, agitação na Arábia Saudita ou nos Estados do Golfo. Nesse caso, o barril de petróleo aumentará de preço progressivamente. Poderá atingir até US$ 50 o barril - algumas instituições americanas, como o CSIS, prevêem mesmo, no caso de um cenário catastrófico, um barril chegando a até US$ 100. E depois? Depois, recessão mundial.

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