A identidade secreta de Putin na Alemanha Oriental 

Jornal alemão 'Bild' noticia que presidente russo teve um documento de identidade da Stasi, polícia secreta da Alemanha Oriental, onde atuou como agente da KGB em Dresden nos anos 80

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Por Redação
Atualização:

BERLIM - O jornal alemão The Bild revelou que um documento de identidade do presidente russo, Vladimir Putin, que trabalhava em Dresden, nos anos 80, como agente da KGB (serviço secreto soviético), foi encontrado nos arquivos da Stasi - a polícia secreta da Alemanha Oriental. De acordo com o jornal, o documento foi localizado na divisão "profissionais treinados e educação" dos arquivos. 

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A publicação divulgou nesta terça-feira, 11, uma foto da identidade, na qual o presidente é descrito como Major Vladimir Putin. Ela está assinada e leva um carimbo que atesta a validade do documento até o fim do ano de 1989. A carteira foi expedida em 31 de dezembro de 1985 e renovada regularmente até então. 

Konrad Felber, que supervisiona os arquivos da Stasi em Dresden, afirmou ao Bild que a identidade dava permissão a Putin para entrar e sair dos escritórios da polícia secreta livremente. Segundo Felber, a identificação pode ter permitido a Putin recrutar agentes mais facilmente, uma vez que ele não era obrigado a dizer a ninguém que trabalhava para a KGB. No entanto, não está claro se o cartão indica se Putin trabalhava diretamente para a Stasi.

O Kremlin não confirmou nem negou que Putin tivesse a identificação da Stasi. "Naqueles tempos, temos da URSS, a KGB e a Stasi eram agências parceiras, e esse tipo de uso de identidades não deve ser excluído", disse o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov ao jornal britânico The Guardian

Alguns dos principais anos de formação de líderes russos, cujos detalhes permanecem em segredo, ocorreram em Dresden. Putin chegou à cidade alemã em meados dos anos 80 para seu primeiro posto na KGB no exterior. 

Ele mudou-se em agosto de 1985 e sua segunda filha, Katerina, nasceu na cidade em 1986. O atual presidente russo sempre se referiu com carinho aos anos que passou na Alemanha. 

Em Berlim, arquivistas do governo colam pedaços de documentos destruídos pela Stasi Foto: BStU / KLÜTSCH

Fotografias dos arquivos da Stasi mostram que outros proeminentes oficiais russos, como o chefe da corporação estatal russa de defesa Rostec, Serguei Chemezov, e o diretor da estatal de oleodutos Transneft, Nikolay Tokarev, também serviram em Dresden com Putin, de acordo com o Guardian. 

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Alguns detalhes da atuação de Putin na KGB continuam secretos, incluindo se seu trabalho de contra-inteligência também previa a vigilância de dissidentes políticos na União Soviética. 

Historiadores alemães estimam que entre 10% e 40% de todos os arquivos do Ministério de Segurança do Estado – o nome oficial da Stasi - desapareceram de forma definitiva. A perda só não foi maior por causa da ocupação dos prédios da Stasi pela população em 4 de dezembro de 1989, enquanto ruía o governo comunista da Alemanha Oriental e o muro de Berlim já fazia parte do passado. / COM AP e EFE 

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