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''''A Lua tremia e raios iluminaram o Pacífico'''', diz morador de Lima

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Por Redação
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"A sensação era a de que o mundo ia mesmo acabar." Assim, Ricardo Becerra, de 30 anos, segurança de um posto de gasolina de Miraflores, distrito de classe média alta de Lima, descreveu para o Estado os momentos mais agudos do terremoto de 8 graus na escala Richter que abalou o Peru na quarta-feira. "Estamos acostumados com pequenos tremores. Quando ocorre um abalo mais forte, as pessoas vão para a rua e esperam que o sismo passe. O de quarta-feira parecia que não passaria nunca." O terremoto, o mais forte no Peru em mais de três décadas, foi sentido por 2 minutos - abalos menores fazem a terra tremer por alguns segundos. A brutal energia liberada pelo deslocamento da placa geológica de Nazca causou descargas elétricas no Oceano Pacífico. "A noite estava clara e vi a Lua tremendo de um jeito tão forte que parecia que ela ia explodir. Os postes da avenida balançavam como se quisessem dançar um samba brasileiro, a luz acabou de repente e, do lado do oceano, relâmpagos faziam a noite virar dia. Nas ruas, todos gritavam e rezavam acreditando que o dia do Juízo Final finalmente havia chegado", descreveu Becerra. Profecias sobre o fim do mundo estão presentes nas tradições indígenas incaicas e pré-incaicas que influenciam toda a sociedade peruana contemporânea - hoje predominantemente adepta da Igreja Católica. No campo bem menos metafísico, os moradores de Lima estão assustados. A terra voltou a tremer por pelo menos três vezes na sexta-feira, fenômenos que o Instituto Geofísico Peruano (IGP) qualifica de réplicas do terremoto de quarta. Mais de 500 delas foram registradas no país desde o abalo principal. No fim da noite de sexta-feira, o apartamento do 12º andar do Hotel Las Américas, de Lima, que abriga a reportagem do Estado, balançava como um barco em alto-mar. Luminárias oscilaram a ponto de as correntes que as sustentam fazerem barulho. Até que se perceba que a terra está tremendo, a sensação é a de um leve mal-estar. Os hóspedes - estrangeiros, na maioria - desceram até a avenida, enquanto funcionários tentavam tranqüilizá-los. O pequeno tremor só foi percebido por quem estava nos andares mais altos ou na rua.

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