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A nova primeira-dama da França

Brigitte começou a ser primeira-dama da França no primeiro dia de campanha

Por Gilles Lapouge
Atualização:

No domingo, a França ganhou um novo presidente. E mais: ganhou também uma primeira-dama. Dito assim, parece óbvio: quando se elege um “primeiro-senhor”, no pacote vem também uma primeira-dama. Mas, na verdade, uma primeira-dama é mais difícil de se ter do que um presidente.

Brigitte Macron em evento de campanha do marido: influência na vida privada e discrição em público Foto: Pascal Lachenaud/Pool Photo via AP

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Vejamos os dois últimos eleitos. Nicolas Sarkozy chegou ao Eliseu em 2007 com uma mulher, Cecilia. Perfeito. Mas Cecilia logo se aborreceu no palácio, encontrou um belo jovem e se mandou. Sarkozy ficou furioso. Como é um homem de ação, procurou outra mulher. Arranjou uma depressinha e casou-se com ela. É a magnífica Carla Bruni.

Em 2012, François Hollande conquistou o Eliseu. Não era jovem e tinha um andar de pato. Tudo sem surpresas, então, certo? Calma! Hollande tinha uma amante, Valérie, que começou a atuar ruidosa e atabalhoadamente como primeira-dama. Foi despachada. Hollande ficou solteiro de novo, mas não por muito tempo. À noite, ele pegava uma moto para cair nos braços de uma belíssima atriz. Escândalo. A atriz sumiu do mapa, mas Hollande é matreiro e acredita-se que nunca parou de vê-la.

Macron parece seguir um modelo mais sóbrio. É casado com Brigitte, que conheceu no colégio quando ele tinha 15 anos. Um simples namoro de adolescente? Não exatamente, pois Brigitte era sua professora e tinha 39 anos. Pegou mal na família Macron, mas Emmanuel não cedeu. Os dois se amavam e ganharam a parada. Macron, de quebra, levou os três filhos e sete netos da divorciada Brigitte. Ele é mais moço que alguns filhos dela. E tudo vai maravilhosamente bem.

Muitos criticam Macron por ser certinho demais, perfeito demais, burguês demais. Talvez, mas não acho que alguém que se case com a professora 24 anos mais velha seja uma pessoa comum. Brigitte entrou em nossa vida quase na mesma ocasião em que o marido saía da obscuridade, um ano e meio atrás. Não há foto na Paris Match ou na Elle em que Macron não esteja acompanhado da mulher, de preferência, abraçados e olhos nos olhos.

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Ela começou a ser primeira-dama desde o primeiro dia da campanha. Trabalhou ao lado de Macron no mesmo ritmo frenético da equipe do agora presidente. Não se podia imaginar Macron sem Brigitte. Ela ensaiava o papel de primeira-dama no relacionamento conjugal, preparando drinques ou participando de entrevistas. Tomava iniciativas: entregou o filme de seu casamento a um jornalista.

Não faltaram, claro, as gozações sobre a diferença de idade. Mas Macron e ela já haviam enfrentado, imperturbáveis, o sarcasmo das famílias e da burguesia de Amiens. Em campanha, Brigitte era dura. Quando Macron falava no rádio ou aparecia na TV, ela dava seu veredicto: “Você foi bem” ou “saiu-se mal”. E tudo terminava num beijo.

Para se impor no festival de más línguas que ocorre numa campanha eleitoral, Brigitte contou com dois trunfos: uma inteligência aguda e seu fascínio pessoal. As revistas femininas se esbaldam com ela. Ficamos sabendo que seu cabelo é “louro Califórnia”, seus olhos são azuis penetrantes, sua pele é ensolarada e sua cintura é de vespa. Que tem olhar cintilante e longas pernas. Segundo artigos de Elle e Marie Claire, Brigitte tem um “look Canon” – acho que significa ser bonita.

Essa é a primeira-dama. Imagina-se que a união do casal seja sólida como bronze. Mas quem imaginaria que o intrépido Hollande saía de noite do palácio feito um gato, de moto, para namorar? Entretanto, eu aposto: vamos passar os próximos cinco anos em companhia de Emmanuel Macron e da primeira-dama, Brigitte. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ 

*É CORRESPONDENTE EM PARIS

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