A obsessão por Kim Il-sung, o fundador do país

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Cenário: Cláudia TrevisanO aeroporto de Pyongyang está instalado provisoriamente em um galpão, enquanto o edifício antigo é reformado. Na parede que recebe os visitantes, há duas grandes fotografias dos rostos de Kim Il-sung e Kim Jong-il, lado a lado. Jornalistas que chegam de Pequim não têm problemas para fotografar a pista de pouso, o avião e a fachada do galpão, mas dentro dele há restrições. Um soldado pede que sejam apagadas fotos feitas dos retratos dos dois líderes. É gentil e sorri depois de atendido o pedido. Além de questionar sobre porte de armas, explosivos e drogas, o formulário de chegada pergunta se passageiros carregam "telefones celulares ou outros meios de comunicação". Os que respondem sim devem entregar os aparelhos à segurança, que os devolverá no momento da saída do país. Toda a bagagem é inspecionada em aparelhos de raio-X, em processo que dura quase tanto tempo quanto as duas horas de voo desde Pequim. Os jornalistas são recebidos por tradutores, que os acompanharão o tempo todo na Coreia do Norte.No hotel de 43 andares, não há internet e é possível apenas enviar e-mails em uma pequena sala no térreo. Também não se pode fazer ligações locais do quarto, apenas internacionais. Para permitir o trabalho dos jornalistas, o governo norte-coreano montou no hotel uma sala de imprensa com internet e telefones. São esperados cerca de 150 jornalistas estrangeiros para as celebrações do centenário de Kim Il-sung, dia 15, e o lançamento do satélite que provocou críticas internacionais. As peculiaridades norte-coreanas aparecem ainda em Pequim, antes da partida. Na estatal Air Koryo, as atendentes usam botons de Kim Il-sung, o fundador do país, colocados em tailleurs quase prateados. O avião que faz o voo até Pyongyang é um russo Tupolev 204-100 com poltronas vermelhas, gerenciado por comissárias de bordo vestidas da mesma cor, todas com o boton de Kim Il-sung e inglês fluente. Coca-cola está ausente das opções de bebida do serviço de bordo, que tem água e um refrigerante local embalado em garrafas de vidro retrôs. O entretenimento é ópera coreana, com a orquestra de soldados em uniforme militar e cantores vestidos com roupas tradicionais. Ao fundo, imagens de Kim Il-sung e de soldados são projetadas em um telão.

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