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A oito dias das eleições, juíza escolhida por Trump é aprovada no Senado

Para o presidente, essa é uma oportunidade de mudar o discurso em meio a uma crise de saúde e econômica causada pela pandemia de covid-19

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - O Senado dos Estados Unidos confirmou nesta segunda-feira, 26, por 52 votos a 48, a nomeação para a Suprema Corte de uma juíza indicada por Donald Trump, dando a ele uma vitória a oito dias da eleição presidencial. A aprovação de Amy Coney Barrett consolida a maioria conservadora na mais alta instância judicial do país.

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A católica fervorosa de 48 anos, contrária ao aborto, sucederá a Ruth Bader Ginsburg, uma figura ícone do progressismo, que morreu em setembro. 

Atrás de seu adversário, o democrata Joe Biden, nas pesquisas, o presidente conta com a confirmação de Barrett para atiçar sua base e captar o voto religioso. Com essa nomeação, Trump somaria três magistrados conservadores na Suprema Corte nomeados por ele. 

Amy Coney Barrett, juíza conservadora, durante sabatina no Senado dos EUA Foto: Leah Millis/Reuters

Para o presidente, essa é uma oportunidade de mudar o discurso em meio a uma crise de saúde e econômica causada pela pandemia de covid-19, que continua se agravando, com mais de 225 mil mortos e cerca de 90 mil novos casos detectados no sábado. 

Em uma visita à Pensilvânia, Trump negou ter desistido do combate ao vírus. "Definitivamente estamos virando a página", afirmou aos jornalistas.

Seu chefe de gabinete, Mark Meadows, disse no domingo que o que o governo busca não controlar a pandemia, mas focar nas vacinas. 

Nesta segunda-feira, mais de 60,5 milhões de americanos já tinham votado antecipadamente, superando todos os votos emitidos em 2016 antes do dia da eleição.

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Os democratas se opuseram fortemente à vontade do presidente de levar adiante uma indicação para um cargo vitalício tão perto das eleições de 3 de novembro, mas a minoria no Senado não dispunha de nenhuma ferramenta para freá-la. Os republicanos contam com a maioria, com 53 cadeiras. 

A votação desta segunda-feira é a confirmação para a Suprema Corte mais próxima de uma eleição presidencial e a primeira, nos tempos modernos, sem o apoio do partido minoritário. 

O líder da maioria republicana, Mitch McConnell, alertou antes da votação que talvez seu partido perca as presidenciais e também o Congresso. 

"Muitas das coisas que fizemos nos últimos quatro anos serão desfeitas cedo ou tarde após a próxima eleição", disse. "Mas sobre este assunto, não poderão fazer nada durante muito tempo", acrescentou, referindo-se ao fato de as indicações no Supremo serem vitalícias. 

Para recuperar terreno, Trump multiplica seus eventos de campanha e, depois de um fim de semana com agenda cheia, faz nesta segunda-feira dois comícios na Pensilvânia, um Estado-chave para chegar à Casa Branca. 

Uma indicação crucial frente às eleições 

A ascensão de Barrett à Suprema Corte mudará consideravelmente o equilíbrio do alto tribunal, com uma maioria conservadora de seis magistrados contra três mais progressistas.

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A juíza deve iniciar na Suprema Corte em 2 de novembro, na véspera da eleição presidencial. Portanto, poderia se pronunciar caso a Corte avalie eventuais recursos sobre os resultados da votação.

A Suprema Corte decide nos Estados Unidos sobre assuntos complexos, do aborto ao porte de armas, passando pelos direitos das minorias sexuais.

Os democratas alertaram que Barrett pode votar para desarticular o Obamacare, uma reforma de saúde que ajudou milhões de americanos a obter um seguro médico e que talvez ajudaria a anular a sentença do caso Roe contra Wade de 1973, que dá o direito ao aborto nos EUA. 

A Suprema Corte deve examinar em 10 de novembro um recurso contra a lei emblemática do ex-presidente democrata, sobre a qual a juíza expressou suas reservas no passado./AFP e AP  

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