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Brasil, EUA e o alinhamento automático

Novo governo brasileiro busca aproximação histórica com Casa Branca

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla
Atualização:

Caro Leitor,

Os últimos presidentes brasileiros tiveram uma boa relação com a Casa Branca. A ligação entre Bill Clinton e FHC era quase pessoal. Obama disse que Lula “era o cara”, embora Lula gostasse mais de Bush. Dilma talvez seja a grande exceção –  no primeiro mandato da petista, a relação azedou com a suspeita de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA espionou o governo brasileiro. Mas agora a aproximação parece ser maior, porque muita coisa que vem de Bolsonaro já foi testada por Trump.

Bill Clinton e FHC no Palácio do Planalto, em 1997 Foto:

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A afinidade era visível na campanha do ano passado. Nesta foto, Eduardo Bolsonaro aparece com o boné do americano. Em Washington, é natural a simpatia por um governo que ataca o socialismo, o politicamente correto, critica a China, promete mudar a embaixada em Israel para Jerusalém e ameaça tirar o país do acordo do clima – tudo o que Trump fez nos últimos dois anos.

A escolha do nosso novo chanceler, Ernesto Araújo, confirma a simbiose entre os dois governos. Araújo vê Trump como a “salvação” do Ocidente. Os afagos também vêm de lá para cá. Em entrevista exclusiva à colunista Eliane Cantanhêde, o secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, disse que a Casa Branca está “entusiasmada” com a guinada à direita da América do Sul. Mas é preciso cautela. Neste editorial, o Estadão analisa os riscos do alinhamento automático proposto pelo Brasil.

Quem acompanhou a transição de outros governos brasileiros conta que o namoro não é novidade. Mas é preciso avaliar resultados concretos. O que os americanos esperam do Brasil? Por enquanto, Trump deu dois sinais: quer que Bolsonaro lidere a região numa cruzada contra Maduro na Venezuela e espera apoio do Brasil contra a China. O recado a Pequim foi dado pelo filósofo Olavo de Carvalho, defendendo que o Brasil “fale grosso” com os chineses nesta entrevista.

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Logo na primeira semana, Bolsonaro acenou com a possibilidade de instalar uma base militar americana no Brasil, mas muitos generais criticam a ideia. Em sua coluna, Eliane Catanhêde questiona os planos do presidente, que o general Augusto Heleno nega terem sido discutidos pelo governo. Outro sinal de alinhamento com a política americana é a retirada do País do pacto migratório da ONU, oficializada pelo presidente e criticada em editorial do Estadão.

Em entrevista, o atual embaixador brasileiro nos EUA, Sérgio Amaral, garantiu que o Brasil está pronto para uma relação mais madura com a Casa Branca. Mas Bolsonaro quer mais. Agora, segundo o presidente brasileiro, o céu é o limite na relação com os EUA. A aproximação com Trump está só começando.

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