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Abbas estende prazo para que o Hamas reconheça Israel

Presidente palestino dará até quinta-feira para que o Hamas responda ou a questão será resolvida pelo voto popular

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, estendeu por mais 48 horas o prazo para que o grupo islâmico Hamas aceite um documento que deixa implícito o reconhecimento a Israel. O prazo original expiraria nesta terça-feira, mas Abbas disse que dará até quinta-feira para que o Hamas responda ou seja obrigado a lidar com uma consulta popular sobre o tema. A extensão do prazo parece adiar temporariamente o agravamento da disputa de poder entre a Fatah, facção dominante na política palestina por quatro décadas, e o Hamas, que venceu por ampla margem as eleições gerais de janeiro. A proposta apresentada por Abbas foi elaborada por líderes militantes do próprio Hamas e da Fatah detidos em penitenciárias israelenses. O documento prevê a existência de um Estado palestino independente, soberano e viável ao lado de Israel, o que subentende a aceitação do direito de existência do Estado judeu na região. Abbas ampliou o prazo ao Hamas depois de consultar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). A direção do Hamas, cuja carta de princípios prevê a destruição de Israel, exige mudanças no documento e ameaça boicotar o referendo caso a proposta não seja alterada. Novo prazo O presidente palestino informou a liderança da OLP que irá preparar o referendo até o fim da semana, informou o representante pessoal de Abbas nas negociações Yasser Abed Rabbo. Segundo ele, o novo prazo seria de três dias. Se após este novo prazo o primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, insistir em rejeitar o documento, aprovado por prisioneiros do próprio Hamas e do Fatah, o presidente palestino anunciará o plebiscito muito provavelmente para o dia 16 de julho. Representantes do Hamas aprovaram o adiamento do ultimato, ainda não anunciado oficialmente pelo presidente Abbas, e esperam poder continuar negociando os termos do "plano dos prisioneiros" sem a pressão de um prazo fixo. "Ainda temos a chance de realizar um diálogo bem sucedido", disse Haniye em Gaza. "Portanto, pedimos mais reuniões e mais diálogos e não usaremos a linguagem dos dias e do tempo como uma ameaça", acrescentou O porta-voz do Hamas na Cisjordânia, Adnan Asfur, disse que o movimento aceita "90%" do "plano dos prisioneiros". Segundo ele, existem dois pontos no "plano dos prisioneiros" que impedem o acordo: o artigo que reconhece a OLP como principal órgão representante do povo palestino e o reconhecimento dos acordos entre a ANP e Israel desde os firmados em 1993, em Oslo. "Não temos problema algum com o artigo que fala do estabelecimento do Estado palestino nas fronteiras de 1967", isto é, junto ao Estado israelense, o que implica o reconhecimento indireto do Estado judeu, afirmou. Consulta popular Abbas acredita que o referendo fará com que a opinião pública pressione o grupo extremista palestino a moderar sua plataforma política. Contudo, a votação poderia abalar profundamente o Hamas. Uma nova pesquisa publicada nesta terça-feira mostra que 77% dos palestinos votariam a favor da proposta. A pesquisa realizada com 1.200 pessoas foi conduzida pela Universidade Bir Zeit, na Cisjordânia, e tem uma margem de erro de 3 pontos percentuais.

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