PUBLICIDADE

Abbas rejeita plano de paz israelense

Acordo criaria Estado palestino na Faixa de Gaza e em 92,7% da Cisjordânia

Por AP , Reuters , Ramallah e Cisjordânia
Atualização:

O presidente da Autoridade Palestina e líder do Fatah, Mahmud Abbas, qualificou como "inaceitável" um plano de paz do primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, vazado para imprensa e publicado no jornal israelense Haaretz. O plano teria sido elaborado há meses, segundo o jornal. O texto do documento prevê a concessão de todo o território da Faixa de Gaza e de 92,7% da Cisjordânia à Autoridade Palestina. Não há menção explícita, porém, a pontos polêmicos da disputa, como o status definitivo de Jerusalém e o retorno de refugiados palestinos que deixaram Israel após a criação do país, em 1948. Ainda segundo o Haaretz, a proposta deveria ser somente colocada em prática depois de a Autoridade Palestina retomar o controle sobre a Faixa de Gaza, território em poder do rival Hamas desde junho de 2007. Um dos líderes do grupo islâmico, Mahmud al-Zahar, ironizou a proposta israelense. "O Hamas nem se preocupará com o assunto, porque o povo palestino jamais aceitaria uma medida dessas", disse Zahar. Em contrapartida aos 7,3% do território da Cisjordânia, que ficariam com israelenses, os palestinos teriam direito a uma região de Israel vizinha à Faixa de Gaza. No entanto, a porção territorial que ficaria com os palestinos equivale a apenas 5,2% da Cisjordânia. REAÇÕES O porta-voz da Autoridade Palestina, Abu Rudeinah, disse que "falta seriedade" ao plano de Israel, também qualificado por ele como "uma perda de tempo". "A proposta israelense é inaceitável. Reconhecemos somente um Estado palestino, com um território contínuo, cuja capital seja Jerusalém (Oriental), livre de assentamentos e nos limites anteriores de 4 de junho de 1967", afirmou Rudeinah, referindo-se às fronteiras de antes da Guerra dos Seis Dias. O plano de Israel teria por objetivo deliberadamente levar os palestinos à recusa e, assim, culpá-los pelo fracasso das recentes negociações, defendeu Saeb Erekat, um dos principais negociadores da Autoridade Palestina. "Nós esperamos que o lado israelense se atenha às negociações, longe da mídia e sem começar um jogo de culpa", disse Erekat. Mark Regev, porta-voz do premiê de Israel, recusou-se a comentar o plano vazado para a imprensa. Ele apenas afirmou, de modo vago, que o governo "está comprometido com um esforço contínuo para alcançar um documento conjunto entre palestinos e israelenses". CRISE INTERNA Em condição de anonimato, um outro funcionário do gabinete israelense disse à Reuters que Olmert quer produzir algum tipo de legado político com o novo plano de paz. "Mas não haverá acordo, e ponto final." Acuado por uma série de escândalos de corrupção e fragilizado internamente desde a ofensiva fracassada contra o Hezbollah, em julho de 2006, Olmert já prometeu que deixará o governo após seu partido, o centrista Kadima, eleger um novo líder. A eleição interna acontecerá em setembro e seu provável sucessor será a atual chanceler, Tzipi Livni. As atuais negociações entre palestinos e israelenses foram lançadas no ano passado, após várias visitas à região da secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e uma do próprio presidente americano, George W. Bush. O objetivo da Casa Branca seria alcançar um acordo de paz definitivo até o fim de 2008. No entanto, tanto palestinos como israelenses mostram-se céticos em relação ao prazo estabelecido por Washington.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.