Abkházia é um retrato do isolamento

Apenas quatro nações reconhecem a independência do país, que não tem aeroporto internacional nem emite passaporte

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Por ABKHÁZIA
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SUKHUMI, ABKHÁZIAA Abkházia não tem código internacional de telefone, aeroporto internacional ou domínio de internet. Ainda assim, o governo e a população insistem que o país é independente. A sede do Ministério das Relações Exteriores é o retrato mais claro do isolamento. Situada em um dos muitos prédios marcados por bombas, não tem um só quadro nas paredes, presentes de países estrangeiros ou material de promoção do país. Além disso, o único elevador não funciona. Maxim Gundjia, o chanceler, corre de um lado para o outro. Com 34 anos, sem gravata e filho de um dos heróis mortos na guerra de 1992, ele sabe que a fragilidade da situação. "A visão de fora é de que somos um bando de separatistas fanáticos. Não é nada disso. Existimos", disse. Apesar do esforço, além da Rússia, apenas Venezuela, Nicarágua e Nauru, uma ilhota no Pacífico, reconhecem a Abkházia. A piada mais comum sobre a independência do país é que Sukhumi, a capital, terá três voos diários ao exterior: todos para Nauru. O principal foco de atenção diplomática agora é a América Latina. "Essa é hoje a única região independente do mundo. Não tem nem laços de dependência com americanos nem com russos", disse Gundjia. A meta é conseguir o reconhecimento de Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Não por acaso, Gundjia já até tem um cartão de visitas em espanhol. "Se conseguirmos esses reconhecimentos, será mais fácil convencer o Brasil." Por enquanto, só os russos mantêm um consulado na capital, mas dizem que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, já prometeu enviar um representante para a capital Sukhumi, de 50 mil habitantes."A população leva a vida como se estivesse em um país independente", afirmou o chanceler. Eleições ocorrem normalmente e há até um campeonato nacional de futebol, embora não reconhecido pela Fifa. No entanto, para viajar para o exterior, é preciso um passaporte russo, já que o documento emitido pela Abkházia não é reconhecido pela comunidade internacional.

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