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Ação da Otan em Trípoli foi decisiva

Organização afirma que operação se desenrola em coordenação com Conselho Nacional de Transição e rebeldes na capital

Por Andrei Netto
Atualização:

CORRESPONDENTE / PARISAviões de combate da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) foram decisivos na ofensiva dos rebeldes em Trípoli, com o bombardeio, ontem, da fortaleza de Bab al-Azizia, o bunker de Muamar Kadafi. A ação faz parte da Operação Sereia e é coordenada com o avanço dos grupos rebeldes, tanto no oeste quanto no leste da Líbia.Os ataques da Otan ocorreram a partir da madrugada de domingo. A organização tem papel ativo não só no avanço dos rebeldes, como confirmou o porta-voz do Conselho Nacional de Transição (CNT) - órgão que confedera os rebeldes em Benghazi -, Ahmed Jibril, mas também na articulação política do futuro da Líbia."A Operação Sereia se desenrola em coordenação com o CNT e os combatentes rebeldes nos entornos de Trípoli. A Otan também está implicada na operação", afirmou Jibril. "Nós estimamos que a luta pode durar ainda alguns dias, até a consolidação da vitória." No final da tarde, a Otan confirmava em Bruxelas a sua participação no avanço dos rebeldes. Segundo Roland Lavoie, porta-voz da entidade - que reúne os países do Ocidente, liderados por Estados Unidos, França e Grã-Bretanha -, a situação ainda era "confusa" no terreno."Nos últimos dias, nós assistimos a avanços significativos das forças anti-Kadafi em vários frontes", afirmou Lavoie. "Mas contrariamente às outras fases do conflito, nós não temos mais uma linha de frente tradicional."Evolução. De acordo com o relatório da Otan, os rebeldes evoluiam pela terra em cidades do noroeste do país, mas também nas cidades de Misrata e Brega. "As forças anti-Kadafi asseguram atualmente o controle dos principais arredores de Trípoli, no progresso mais importante registrados nos últimos meses", reiterou Lavoie, que fazia uma ponderação: "A situação é muito dinâmica e muda de hora em hora. Ainda há combates na periferia de Surman e em Zawiya, combates também foram registrados nos subúrbios".De acordo com a Otan, os avanços rebeldes foram possíveis porque a munição das Forças Armadas leais a Kadafi estava chegando ao fim.Ainda na Europa, que lidera a coalizão, a repercussão política do avanço rebelde já começou. Em nota, o governo da Polônia, país que exerce a presidência rotativa da UE, exortou os rebeldes a não recorrer "à vingança e à violência inúteis".Além disso, pediu ao CNT que se preparasse para assumir o poder para assumir o poder no país e avançasse na direção da democracia. Em Paris, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, exortou Kadafi a renunciar imediatamente "ao que lhe resta de poder".CRONOLOGIA16/2 a 23/2Protestos violentosApós as revoltas na Tunísia e no Egito, líbios pedem saída de Muamar Kadafi24/2 a 6/3Avanço rebeldeRebeldes organizam base em Benghazi e obtêm controle de cidades no oeste do país7/3 a 18/3Escalada da criseForças leais a Kadafi reconquistam algumas cidades. Conselho de Segurança da ONU estabelece zona de exclusão aérea na Líbia19/3 a 20/3Início dos bombardeiosAtaques da coalizão começam contra alvos líbios depois de Kadafi atacar Benghazi apesar de cessar-fogo21/3 a 15/4Avanço e recuoBombardeios da coalizão forçam tropas leais a Kadafi a se retirarem de Benghazi26/4 a 12/8ImpasseTribunal Penal Internacional pede prisão de Kadafi por crimes contra a humanidade13/8 até agoraA conquista do oesteApós meses de pouco progresso, rebeldes avançam em cidades estratégicas, controlando o acesso a Trípoli

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