Acidente atrasa em pelo menos 2 anos programa de novas naves

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A perda do mais velho dos ônibus espaciais da frota dos Estados Unidos vai atrasar em pelo menos dois anos o desenvolvimento do programa de novas naves orbitais. Todos os sistemas de ensaio e pesquisa de campo do projeto estavam instalados a bordo do Columbia, o primeiro dos space shuttles, em atividade há 22 anos. Lançado no dia 12 de abril de 1981, o Columbia serviu de laboratório de testes de todas as modificações introduzidas nos veículos espaciais americanos. A missão que terminou em desastre era a 28º da série de 100 previstas para a vida útil do ônibus da Nasa. Segundo o engenheiro espacial Odail Chiaretti, brasileiro ligado à Universidade da Califórnia (CalTech) "mesmo agora, com esse fim trágico, o Columbia servirá ao aperfeiçoamento dos equipamentos." Para o especialista "é ingenuidade acreditar que as atividades espaciais tripuladas são desprovidas de riscos: o espaço exterior é ambiente hostil à presença do homem". Embora considere especulativa nesse momento qualquer análise das causas do acidente que matou os sete tripulantes da nave, Chiaretti acredita na possibilidade de que tenham havido falhas múltiplas em rápida seqüência. Reentrada em um ângulo errado A reentrada na atmosfera em um ângulo crítico, anormal, pode ter provocado o aquecimento excessivo do revestimento de ´ladrilhos´ térmicos. O calor teria despreendido um grande número das milhares de placas cerâmicas que cobrem a fuselagem, aumentando a temperatura interna e danificando o sistema hidráulico, único recurso disponível para pilotagem do ônibus espacial no processo de retorno. Para pousar, o ônibus espacial limita-se a realizar um vôo planado, sem propulsão. O pesquisador da CalTech acha que a inevitável paralisação da agenda de missões orbitais não deverá ser longa como a moratória espacial declarada pelo governo dos Estados Unidos em 1986, quando a nave Challenger explodiu logo depois do lançamento, na Flórida. "A existência da Estação Espacial, ocupada nesse momento por dois astronautas-pesquisadores, e os compromissos de investigações científicas e tecnológicas em andamento implicam retomada rápida dos lançamentos". O Columbia tinha as dimensões aproximadas de um Boeing-737 de passageiros, com 37,2 metros de comprimento, 23,8 metros de envergadura, 17,2 metros de altura, 28,8 toneladas de peso (fora carga) e acomodações para 7 ou 10 tripulantes. Em órbita, a Columbia deslocava-se a 28,1 mil quilômetros por hora, completando uma volta em torno da Terra a cada 90 minutos. A nave tinha o recorde de distância da superfície do planeta: 1066 quilômetros, para instalação de um satélite militar. Normalmente os space shuttles permanecem circulando na faixa entre 250 e 360 km. Cabine e assentos ejetáveis O veículo perdido serviu aos ensaios de sistemas de segurança para a tripulação. A estrutura do Columbia recebeu no fim dos anos 80 o protótipo de uma cabine totalmente ejetável que se revelou ineficaz porque penalisava em dois terços a capacidade de transporte de carga útil e só poderia ser acionada quando a nave estivesse a 10 mil metros de altitude e em velocidade subsônica. Assentos ejetores individuais foram instalados para provas no solo. A proposta foi abandonada diante da constatação de que os tripulantes não suportariam à ejeção nas condições de reentrada. VEJA O ESPECIAL

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.