26 de novembro de 2019 | 09h56
PARIS - Treze militares da França da força antiterrorista Barkhane morreram no Mali em uma colisão acidental de dois helicópteros durante uma operação de combate a jihadistas, anunciou nesta terça-feira, 26, o governo francês.
Esta é uma das maiores perdas para o Exército francês desde o ataque de 1983 ao edifício Drakkar em Beirute, que matou 58 paraquedistas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, saúda "com o maior respeito a memória dos militares do Exército, seis oficiais, seis suboficiais e um cabo, vitimados em operação e mortos em nome da França no duro combate contra o terrorismo no Sahel", afirma um comunicado do Palácio do Eliseu, sede da presidência.
Macron "se curva à dor das famílias e entes queridos, expressa suas mais profundas condolências e garante-lhes a solidariedade inabalável da nação francesa", acrescentou a presidência no comunicado.
Entre as vítimas está o filho do ex-ministro e senador francês Jean-Marie Bockel, segundo a agência France-Presse.
O acidente ocorreu na noite de segunda-feira em Liptako, na região de Menaka, perto da fronteira com o Níger e Burkina Faso, durante uma "operação de combate".
Os soldados estavam perseguindo um grupo de terroristas, detectados algumas horas antes. "Eles rapidamente receberam reforços de helicópteros e uma patrulha do Mirage 2000", disse o Estado-Maior em comunicado.
"Um helicóptero Cougar, com seis comandos de montanha e um chefe de missão a bordo, foi enviado para coordenar todos os recursos, ao mesmo tempo em que poderia intervir para garantir a 'remoção imediata' dos soldados em terra", acrescentou a nota.
"Por volta das 19h40, durante a manobra de preparação para combater o inimigo, o helicóptero Cougar e um (helicóptero) Tiger colidiram e caíram a uma curta distância um do outro. Nenhum dos soldados a bordo sobreviveu", disse o Estado-Maior.
O acidente fatal anterior com helicópteros do Exército francês aconteceu em fevereiro de 2018, quando dois aparelhos de uma academia militar caíram no sul da França, deixando cinco mortos.
O acidente eleva a 38 o número de soldados franceses mortos no Mali desde o início da operação do país no Sahel em 2013.
A Operação Barkhane, que sucedeu a Serval em agosto de 2014, mobiliza 4.500 soldados franceses na faixa Sahel-Saariana, uma área do tamanho da Europa, para apoiar Exércitos nacionais que lutam contra os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) ou a Al-Qaeda.
Mas seis anos após o início da intervenção francesa, a violência jihadista persiste no norte do Mali e se espalhou pelo centro do país, bem como pelos vizinhos Burkina Faso e Níger. Desde 2012, as hostilidades, aliadas à violência entre comunidades, mataram milhares de pessoas e deslocaram centenas de milhares de civis.
E, apesar dos esforços de treinamento da União Europeia, a Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) e Barkhane, os Exércitos nacionais dos países do Sahel, entre os mais pobres do mundo, parecem incapazes de impedir a disseminação dos ataques.
Quarenta e três soldados do Mali morreram em meados de novembro em um ataque no leste do país, perto da fronteira com a Nigéria, e outros 100 morreram em dois ataques jihadistas em um mês em uma área fronteiriça entre Mali, Níger e Burkina Faso.
Em novembro, o Exército francês perdeu um soldado no Mali na explosão de um dispositivo explosivo, um ataque reivindicado pelo Estado Islâmico do Grande Saara.
Durante uma recente visita ao Sahel, a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, pediu paciência na guerra contra os jihadistas no Sahel. / AFP
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