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Acossado pela direita, Sharon tenta evitar crise política

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia depois da polêmica renúncia de dois ministros de seu gabinete, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, acossado pela extrema-direita, tenta desativar uma potencial crise política e afastar o risco de possíveis eleições antecipadas. Sharon - irritado com a reunião entre o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, e o presidente da Autoridade Palestina, Yasser Arafat, e preocupado com a nova política da Casa Branca para o Oriente Médio - está sendo pressionado pela direita local, que considera o governo "perigosamente condicionado" ao chanceler Shimon Peres. Peres foi um dos artífices dos acordos de Oslo, assinados em 1993 com os palestinos. No entanto, Rehavam Zeevi e Avigdor Liberman, respectivamente os ministros de Turismo e Infra-Estrutura, renunciaram em protesto contra a retirada do Exército israelense de bairros palestinos ocupados nas áreas autônomas de Hebron. Nesta terça-feira, eles confirmaram sua decisão e definiram como "perda de tempo" as tentativas para que mudem de idéia. Por sua vez, o Partido Nacional Religioso, de direita, rejeitou uma oferta de Sharon para entrar para a coalizão de governo. O primeiro-ministro teme que o Knesset (parlamento) fique desequilibrado em favor dos trabalhistas, de Peres. Enquanto isso, Yiad al-Akhras, um militante do Hamas de 22 anos, morreu nesta terça-feira em Rafah, na Faixa de Gaza, nas proximidades da fronteira com o Egito, devido a uma misteriosa explosão que foi qualificada pela organização como mais um "assassinato seletivo" consumado pelos israelenses. Israel, porém, negou envolvimento com a explosão em Rafah, e Zalman Shoval, conselheiro de Sharon e ex-embaixador israelense em Washington, rechaçou as críticas dos Estados Unidos à retomada da política de "assassinatos seletivos". "Fazemos o mesmo que eles, e eles fazem o mesmo que nós", alega Shoval, aludindo à decisão dos Estados Unidos de capturar o milionário saudita Osama bin Laden "vivo ou morto". Com relação à insatisfação de Sharon com Blair, com quem conversou por telefone logo após a reunião com Arafat e com quem deverá reunir-se em Londres em 8 de novembro, o premier judeu reiterou nesta terça-feira à noite seu ceticismo sobre o compromisso declarado do líder palestino para pôr fim à onda de violência nos territórios. "Arafat está fazendo algum esforço para evitar o terror, recebemos promessas, mas o terror continua. É preciso haver pressão internacional sobre Arafat para induzi-lo a agir", disse Sharon em sua conversa com Blair. No entanto, as afirmações de Sharon foram rebatidas pelo general Amos Molca, chefe da "Aman", a inteligência militar israelense. Em audiência no Knesset, ele reconheceu que Arafat "fez esforços para conter a violência nos territórios, apesar de faltar um compromisso específico para erradicar a infra-estrutura terrorista" das diferentes organizações palestinas. Por sua vez, o general Amin al-Hindi, chefe do serviço de segurança geral da Autoridade Palestina, denunciou que Israel não respeitará todos os compromissos acertados há dois anos para o abrandamento do bloqueio imposto aos palestinos, especialmente os relativos à Faixa de Gaza. Ao retornar de uma série de visitas à Grã-Bretanha, à Irlanda e à Holanda, onde os líderes locais endossaram a criação do Estado palestino, Arafat reclamou que Israel não cumpriu a promessa de amenizar as restrições de viagem contra os palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

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