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Acuada, Grécia pode receber 'ultimato' para permanecer na zona do euro

País quer convencer credores a extender prazo para corte de gastos públicos.

Por BBC Brasil
Atualização:

Com uma dívida pública equivalente a quase o dobro do tamanho de sua economia, a Grécia iniciou nesta quarta-feira uma série de conversas e encontros com líderes europeus na tentativa de rediscutir os termos do seu plano de resgate, no que pode ser, segundo analistas, um "ultimato" para o país antes de uma possível saída definitiva da zona do euro. Após reuniões com o governo grego, o presidente do Eurogrupo (grupo que reúne os ministros das finanças do bloco), Jean-Claude Juncker, disse que a Grécia está diante de sua "última chance" de se manter na zona do euro. Nos próximos dias, o governo do país mediterrâneo deverá se reunir com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, além de outros credores internacionais. Em pauta, como já afirmou o próprio primeiro-ministro grego, Antonio Samaras, estará o pedido de revisão do cronograma do seu plano de austeridade fiscal, incluindo os cortes no Orçamento que a Grécia precisa fazer até o fim de 2014 como condição para o recebimento de novos empréstimos. Em fevereiro deste ano, credores internacionais aprovaram um pacote de socorro financeiro à Grécia estimado em 130 bilhões de euros (R$ 328 bilhões). Porém, para que receba a próxima parcela do plano de resgate, de 31,5 bilhões de euros (R$ 79,3 bilhões) e evite o calote de sua dívida, o país precisaria definir meios para cortar o equivalente a 11,5 bilhões de euros (R$ 29 bilhões) em gastos públicos nos próximos dois anos. Esse valor, segundo informes mais recentes sobre a economia grega, poderia ser elevado a até 13,5 bilhões de euros, devido à queda na arrecadação de impostos e os atuais níveis de gastos sociais. O premiê Samaras, entretanto, afirma que a Grécia dificilmente teria condições de honrar tal prazo e pede a rediscussão das pendências do resgate, para o qual enfrenta dura oposição dos credores, entre eles, a Alemanha. Em entrevista à imprensa em Moldova nesta quarta-feira, onde está em visita oficial, a chanceler alemã descartou, por ora, qualquer alteração no cronograma. "Esperaremos o informe da troika (grupo formado pelos credores da Grécia) para decidir. Espero que todos cumpram suas obrigações", afirmou. Zona do euro Jean-Claude Juncker, que além de presidente do Eurogrupo é premiê de Luxemburgo, disse após reunião com Samaras que a Grécia pode estar diante de sua "última chance". Para Juncker, uma decisão envolvendo a extensão dos prazos do plano de austeridade fiscal dependeria do relatório dos principais credores da Grécia, a ser divulgado no próximo mês. "Tenho de ressaltar que tudo isso dependerá dos levantamentos da missão da troika para que, a partir daí, possamos discutir a duração do período e suas dimensões", afirmou Juncker em entrevista coletiva à imprensa ao lado de Samaras. Ao fim do encontro, o premiê de Luxemburgo elogiou o que chamou de "tremendos esforços" que a tem adotado para cortar seu déficit, hoje, de cerca de 9% do PIB.Ele acrescentou, no entanto, que Atenas deveria executar reformas estruturais e econômicas, tais como revisão das leis trabalhistas e o relançamento do programa de privatizações, que, embora prometido, ainda não chegou a ser concretizado. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, confirmou de que a Europa já está trabalhando em planos de contingência para uma possível ruptura na zona do euro. A declaração, a primeira de um funcionário do alto escalão de um governo europeu sobre tal cenário, gerou repercussão imediata, levando o ministro de Assuntos Europeus do país, Alexander Stubb, a tentar consertar o estrago, ao dizer que "todo governo trabalha com vários cenários. Nosso primeiro cenário é de que a zona do euro reganhará estabilidade". Bastidores A missão da troika - formada pelos credores internacionais da Grécia, como o Banco Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia - retornará à Grécia no próximo mês para verificar se o país tem cumprido com as condições de seu plano de resgate. Samaras afirmou que Juncker também teria elogiado a Grécia por seu trabalho "sério" em combater a evasão fiscal, enquanto, paralelamente, garante a segurança de seus cidadãos. "Eu falei com ele sobre as medidas sérias e imediatas que estamos tomando no país", afirmou Samaras. Segundo Samaras, a Grécia estaria "virando a página, economicamente, politicamente e socialmente". Quando questionado, entretanto, sobre uma eventual saída da Grécia da zona do euro, Samaras negou o rumor e afirmou que estava "confiante de que uma aposta de que a Grécia deixe o bloco - minando nossos esforços - já se provou errada". Ele também acrescentou que Juncker teria dito que se "oporia totalmente" a este cenário. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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