Um escândalo de corrupção cujo principal suspeito é o vice-presidente argentino, Amado Boudou, levou ontem à primeira baixa nas fileiras do governo, com a renúncia do procurador-geral da República, Esteban Righi. A saída de Righi - um histórico peronista - ocorre depois Boudou ter acusado Righi de oferecer, por meio de assessores, favores na Justiça em troca de suborno em 2009. Na ocasião, o vice chefiava o sistema previdenciário. Boudou, diante de denúncias de envolvimento em tráfico de influências, acusou, na época, a mídia e integrantes da oposição. No entanto, causou surpresa ao atacar aliados do governo, entre eles Righi. Boudou é suspeito de tráfico de influências na licitação da Casa da Moeda que favoreceu a empresa Companhia de Valores Sul-americana, a maior gráfica do país especializada na impressão de cédulas de pesos. O analista político e ex-embaixador Jorge Asís disse ao Estado que Cristina cometeu três erros em relação a Boudou. "O primeiro foi designá-lo vice; o segundo, sustentá-lo mesmo quando o escândalo estava crescendo sem parar. O terceiro, ter armado uma defesa quando já era tarde demais." Setores da oposição pedem o julgamento político do vice e dentro do próprio governo um grupo quer que Boudou renuncie. Um ex-ministro do ex-presidente Nestor Kirchner afirmou ao Estado que "Cristina não removerá Boudou. Não somente porque isso implicaria um custo político que ela não quer enfrentar. Mas, principalmente, por teimosia".