Adesão da Venezuela traz desvantagens políticas ao bloco

Analistas consultados pelo 'Estado' apontam os prejuízos que a entrada de Caracas pode trazer ao bloco

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Por ARIEL PALACIOS , CORRESPONDENTE e BUENOS AIRES
Atualização:

A entrada da Venezuela no Mercosul tem vantagens e desvantagens econômicas e políticas, dizem analistas consultados pelo Estado. "Entrará no bloco um governo acusado de violar os direitos humanos e de interferir nas liberdade dos poderes. E não há dúvidas de que o governo venezuelano é um inimigo implacável da liberdade de imprensa", afirma Cláudio Paolillo, membro do Comitê Executivo da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e colunista do semanário Búsqueda, de Montevidéu."A entrada terá um custo para o Mercosul, já que Caracas tem posições radicais no âmbito internacional", afirma o analista Rosendo Fraga, diretor do centro de estudos Nueva Mayoría. Segundo Fraga, porém, se a entrada de Chávez complica a imagem do Mercosul no exterior, a adesão a uma entidade regional mais moderada favorece o presidente Hugo Chávez. A entrada da Venezuela também causaria danos aos mecanismos jurídicos do Mercosul, abrindo perigosos precedentes, disse o analista paraguaio Bernardino Radil. "A adesão foi possível graças à violação do mecanismo de consenso. É um péssimo precedente. O Uruguai apoiou, mas, no futuro, também pode ser vítima." Para ele, a entrada após a suspensão do Paraguai foi uma derrota da tradição diplomática brasileira, que agiu por questões "circunstanciais". Mas na área comercial a adesão da Venezuela é vantajosa, embora apresente problemas. Segundo Mauricio Claverí, economista da consultoria Abeceb, "o mercado venezuelano absorverá produtos dos países do bloco e Caracas dará segurança energética à região". "Mas temos de ver como fica o calendário de redução das tarifas alfandegárias entre a Venezuela e Mercosul."

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