Advogado de juíza presa política é sentenciado a 6 meses

José Amalio Graterol, condenado por obstrução da Justiça, denuncia manipulação política do Poder Judiciário

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Por CARACAS
Atualização:

O advogado José Amalio Graterol, defensor da juíza María Lourdes Afiuni, considerada presa política do governo de Hugo Chávez, foi condenado ontem a seis meses de prisão por "obstrução da Justiça".Segundo o próprio advogado, a decisão mostra que o Judiciário está nas mãos do Executivo venezuelano. Ele reclamou que o juiz não aceitou testemunhos em sua defesa. "É parte do efeito Afiuni. A sentença busca amedrontar todo o conjunto de advogados da Venezuela, para que nenhum possa exercer a profissão. Mas a luta não acaba com uma condenação. Estamos certos de que há uma manipulação política do Poder Judiciário a partir da presidência do Tribunal Supremo de Justiça", disse ao jornal El Universal. A decisão foi tomada pelo juiz Víctor Yépez em um tribunal do Estado de Vargas. Ele disse ainda que interpreta a condenação como "uma condecoração diante dos momentos em que se vive no país".Violação. Em novembro, a juíza Afiuni, um dos símbolos usados pela oposição para denunciar o domínio do chavismo sobre o Judiciário, denunciou ter sido violentada na prisão. Afiuni foi presa em 2009, após libertar um banqueiro, e desde 2011 está em prisão domiciliar em razão de problemas de saúde. Ela passou mais de um ano em uma prisão feminina de Caracas, onde teria ocorrido a violência sexual.A denúncia da juíza, cujo julgamento por suposta corrupção é considerado "arbitrário" pela ONU, aparece no livro Afiuni, la presa del comandante. O governo nega ter recebido queixas de abuso sexual. Segundo Graterol, entidades como a ONU e organismos governamentais tinham sido colocados a par da violação. Afiuni foi também vítima de lesões com arma branca e queimaduras de cigarro em várias partes de seu corpo, acrescentou o advogado. A juíza foi formalmente acusada, em janeiro de 2010, de corrupção, de abuso de autoridade e de favorecer a fuga do banqueiro Eligio Cedeño, detido desde 2007 por suposta fraude, que escapou após conseguir a liberdade condicional. / R.C.

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