WASHINGTON - John Dowd, um dos advogados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reenviou na quarta-feira para várias pessoas um e-mail com argumentação favorável aos Estados Confederados em meio à crescente polêmica pelo assassinato de uma mulher no sábado cometido por um neonazista em Charlottesville, na Virgínia.
O texto equipara a rebelião dos Estados dos sul dos EUA durante a Guerra de Secessão, entre 1861 e 1865, com a Revolução das 13 Colônias contra os britânicos e enaltece a figura do general confederado Robert Lee, cuja estátua em Charlottesville foi o foco da presença dos grupos racistas na cidade, que protestavam contra a decisão das autoridades locais de retirá-la.
De acordo com o jornal "New York Times", que teve acesso a uma cópia do e-mail reenviado por Dowd, a argumentação do advogado de Trump põe ênfase na comparação entre Lee e o ex-presidente George Washington, um recurso que também foi utilizado pelo próprio Trump, que na terça voltou a culpar os "dois lados" pela violência de sábado.
"Os dois tinham escravos", "os dois se rebelaram contra um governo" e "os dois salvaram os Estados Unidos", são alguns dos argumentos que aparecem no texto, que Dowd enviou para vários contatos, entre eles jornalistas de "The Wall Street Journal", "The Washington Times" e "Fox News", além de funcionários do Departamento de Segurança Interna.
Ao ser questionado pelo "New York Times" sobre o e-mail, Dowd acusou a publicação de "estar metendo o nariz" em seu correio eletrônico pessoal e, antes de desligar o telefone, justificou que apenas reenvia "coisas" que recebe "de outras pessoas".
O autor original do texto enviado por Dowd é Jerome Almon, que gerencia vários sites nos quais divulga conspirações sobre o governo, como, por exemplo, que o FBI está infiltrado com terroristas islâmicos, de acordo com a publicação nova-iorquina.
Além da argumentação favorável a Lee, o texto de Almon também afirma que o movimento contra a violência policial "Black Lives Matter" ("as vidas dos negros importam", em tradução livre) é comandado por terroristas.
Em uma polêmica coletiva de imprensa na terça-feira, Trump comparou Lee com Washington, ao afirmar que ambos tinham escravos. "Muita gente também estava ali para protestar pela retirada de uma estátua de Robert E. Lee. Esta semana é Robert E. Lee. (...) Pergunto, será a de George Washington na semana que vem? E a de Thomas Jefferson na seguinte?", disse o presidente.
Trump se referiu assim ao ocorrido em Charlottesville, onde um neonazista avançou com seu automóvel contra uma manifestação antirracista, o que resultou na morte de uma mulher de 32 anos e deixou cerca de 20 pessoas feridas. / EFE