Advogados prometem boicotar julgamento de Saddam

Substituição do juiz e embaraços à atuação de advogados estrangeiros são os motivos citados

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Por Agencia Estado
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A equipe de defesa do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein boicotará seu julgamento por genocídio "indefinidamente", por conta de violações cometidas pelo tribunal iraquiano, disse o principal advogado do líder deposto. "A corte cometeu diversas violações da lei e nós não vamos sentar lá, amordaçados, para legitimá-la", disse Khalil al-Dulaimi, que é o encarregado pelo grupo de nove defensores. Este julgamento - o segundo a que Saddam se vê submetido - recomeçará na segunda-feira. Uma das principais violações denunciadas pelos advogados é a recusa da Alta Corte Iraquiana em ouvir advogados estrangeiros, e a exigência de que advogados estrangeiros peçam permissão por escrito até mesmo para entrar na sala de julgamentos, disse al-Dulaimi. "Esses são nossos advogados e é direito deles estarem presentes na corte, sem permissão prévia", acrescentou. Outro motivo citado pelo advogado é a repentina substituição do juiz responsável: em uma decisão anunciada sem aviso prévio, na terça-feira, o premier do Iraque, Nouri al-Maliki, aprovou um pedido do tribunal para que o juiz fosse removido do caso. O juiz Abdullah al-Amiri foi substituído por Oreibi al-Khalifa, que na quarta-feira presidiu uma sessão tumultuada, na qual Saddam foi expulso da corte e os advogados se retiraram, em protesto. Al-Amiri foi removido do caso depois de declarar que Saddam "não era um ditador". Saddam está sendo julgado pela chamada Operação Anfal, uma repressão a rebeldes cursos que teria deixado 180.000 mortos, na maioria, civis.

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