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Aeroportos se armam contra ameaças à segurança

Administradores de aeroportos e companhias aéreas foram forçados a implementar medidas cada vez mais severas na tentativa de garantir a segurança no ar

Por Agencia Estado
Atualização:

As viagens aéreas não são mais as mesmas desde que membros da Al-Qaeda seqüestraram aviões para usá-los como armas nos ataques de 11 de setembro de 2001. Ao redor do mundo, administradores de aeroportos e companhias aéreas foram forçados a implementar medidas cada vez mais severas na tentativa de garantir a segurança no ar. Mas nada foi tão radical como as medidas adotadas pela Grã-Bretanha após a descoberta de um suposto plano para explodir diversos aviões em pleno vôo. Passageiros de vôos partindo da Grã-Bretanha foram impedidos de carregar bagagem de mão. Os poucos artigos permitidos - como documentos de viagem, carteiras, comida para bebês e fraldas - devem ser transportados em sacolas plásticas transparentes. O alerta provocou o debate sobre o quanto as medidas de segurança foram reforçadas nos últimos cinco anos - e sobre que falhas permanecem. Nova tecnologia O especialista em segurança aérea Chris Yates, da revista Jane´s Airport Review, afirmou que a proibição de bagagem de mão foi "uma medida de última instância" - e sem precedentes. Obrigar os passageiros a despachar toda a bagagem significa que cada item deve passar por equipamentos de alta precisão que verificam a presença de substâncias nocivas, explosivos e cronômetros, disse Yates. Em teoria, a medida também impede que passageiros embarquem com componentes necessários para a fabricação de explosivos, que poderiam ser montados dentro do avião. Segundo Yates, a Grã-Bretanha tem "as mais rigorosas medidas de segurança do mundo", mas novas tecnologias, como equipamentos que detectam a presença de explosivos na bagagem de mão pelo cheiro ou fazem um rastreamento no corpo das pessoas, ainda estão sendo testadas nos aeroportos. "Essa tecnologia é nova. Leva tempo para que as coisas sejam absorvidas pelo sistema, e levará algum tempo até que esses equipamentos sejam usados em todos os aeroportos britânicos", disse o especialista. A nova proibição do transporte de líquidos e gel dentro de vôos na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos sugere que os agentes de segurança temiam que explosivos líquidos fossem usados, de acordo com Yates. Pode-se traçar um paralelo com um plano de 1995, em que grupos ligados à Al-Qaeda pretendiam explodir 11 aeronaves em vôos entre a Ásia e os Estados Unidos usando bombas à base de nitroglicerina. Malas vasculhadas Algumas das mudanças nos procedimentos de segurança implementadas nos últimos cinco anos são bem visíveis para os passageiros. Muitas companhias aéreas exigem maior antecedência no horário de check-in e impõem restrições mais severas sobre o que os passageiros podem levar dentro dos aviões. Objetos cortantes como canivetes ou tesouras devem ser despachados. Em 2004, a União Européia ampliou a proibição para cobrir armas em potencial como patins, varas de pescar e skates, enquanto no ano passado os Estados Unidos decidiram banir isqueiros da bagagem de mão. Ao mesmo tempo, policiais armados tornaram-se uma visão comum em aeroportos e revistas em passageiros e suas bagagens ficaram mais freqüentes. Aumentaram o patrulhamento no perímetro dos aeroportos, cercas foram reforçadas e barreiras de concreto construídas para impedir que veículos batam nos prédios dos terminais. Os passageiros devem também passar por um detector de metais. As bagagens de mão passam por um scanner e geralmente são vasculhadas em busca de traços de explosivos, enquanto laptops passam por raio-X separadamente. Depois da tentativa de atentado de Richard Reid, o "homem do sapato bomba", que tentou explodir um avião detonando explosivos escondidos em seus calçados, os sapatos dos passageiros geralmente são examinados com cuidado. Cães farejadores também são usados para examinar bagagens de mão. Questões de privacidade Informações sobre os passageiros também passaram a ser observadas mais de perto. Desde 2004, companhias aéreas baseadas na União Européia fornecem às autoridades americanas informações sobre todos os passageiros em vôos para os Estados Unidos. As informações, divididas em 34 itens, incluem nome, detalhes do cartão de crédito e números de telefone dos passageiros. Se a ficha de um passageiro coincidir com um nome em uma das listas americanas de pessoas proibidas de viajar, o vôo pode ser obrigado a retornar ao aeroporto de origem - como ocorreu na semana passada quando um vôo da American Airlines com destino a Boston teve de voltar para o aeroporto de Heathrow, em Londres. Apesar de a Justiça européia ter considerado a transferência de dados sobre os passageiros ilegal em maio, o procedimento poderá continuar até setembro. A Comissão Européia está procurando maneiras de abordar a preocupação com a proteção de dados nos Estados Unidos e então continuar o procedimento. Passaportes biométricos - que contêm um chip com informações sobre as características físicas de seu portador - são outra medida de segurança preferida pelos Estados Unidos e alguns outros países. A Alemanha tornou-se o primeiro país da União Européia a começar a introduzir esse tipo de passaporte em 2005, seguida pela Grã-Bretanha neste ano. Proteção anti-míssil Dentro do avião, medidas adicionais de segurança incluem portas mais reforçadas na cabine do piloto e, em alguns países como Israel, Estados Unidos e Austrália, a presença de agentes de segurança a bordo. A companhia aérea israelense El Al, que usou agentes de segurança armados nos vôos por três décadas, credita a eles o fato de muitos seqüestros terem sido impedidos. O secretário de Segurança Interna americano, Michael Chertoff, anunciou nesta quinta-feira que os Estados Unidos iriam enviar agentes à Grã-Bretanha, para oferecer maior segurança nos vôos para cidades americanas. A israelense El Al também liderou a implantação de sistemas de proteção anti-míssil em aeronaves de passageiros. Em 2004, a companhia aérea anunciou que estes seriam usados em rotas de "alto risco" na Ásia e na África. A medida foi tomada após uma tentativa fracassada de derrubar um avião israelense no Quênia, em 2002. A maioria das companhias aéreas também exige que os passageiros desliguem seus telefones celulares antes da decolagem, enquanto o uso de laptops e equipamentos eletrônicos como iPods é restrito. Mais restrições Essas medidas se devem basicamente a preocupações de que a radiação eletromagnética que esses equipamentos emitem possa afetar controles de bordo e sistemas de comunicação. A habilidade de interferir no sistema de navegação de uma aeronave pode parar na mão de terroristas. Novos dispositivos de segurança a serem lançados incluem scanners, sistemas para detectar passageiros nervosos e suados e tecnologia para identificar comportamentos erráticos. Diante de todas essas medidas, o que os passageiros podem esperar em sua próxima ida ao aeroporto? "Os passageiros terão de se acostumar a novas restrições, pelo menos no futuro próximo", prevê Chris Yates. "Todos nós, acho, estaremos sujeitos a elevadas medidas de segurança - mais revistas físicas e também por equipamentos de tecnologia de ponta." O especialista dá algumas recomendações aos passageiros: - Ao fazer as malas, tenha em mente que talvez não seja permitido o transporte de bagagem de mão. - Assegure-se de que as malas despachadas tenham cadeados fortes para proteger bens de valor como laptops e câmeras fotográficas. - Reserve mais tempo para o check-in, já que é provável a ocorrência de filas maiores. - Esteja preparado para ser revistado. - Prepare-se para testes de rotina para verificar a presença de substâncias explosivas. Quanto tempo a nova tecnologia levará para ser adotada vai depender de quanto os aeroportos estão dispostos a gastar, segundo Yates. "Após o 11 de setembro, os Estados Unidos investiram muito... e outros países também aumentaram seus programas de investimentos."afirma. "Mas ainda levará algum tempo para que essas novas tecnologias sejam comuns nos aeroportos.", conclui. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

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