03 de abril de 2020 | 20h12
WASHINGTON - O capitão do porta-aviões nuclear americano USS Theodore Roosevelt, removido da função por condução do surto de covid-19 registrado no navio, foi aclamado como herói pelas tropas em sua partida, segundo vídeos publicados nesta sexta-feira, 3, em redes sociais.
As imagens mostram o capitão Brett Crozier - removido do cargo ontem, depois que sua carta de advertência à Marinha vazou para a imprensa - deixando o navio enquanto passava por dezenas de marinheiros, que o homenagearam com saudações militares, gritos e aplausos. O comandante cumprimentou a tripulação e entrou em um carro que o aguardava.
Em carta de quatro páginas a seus superiores, que chegou ao San Francisco Chronicle, Crozier pede a retirada imediata dos quase 5 mil militares do navio, após o registro de vários casos de covid-19.
"Não estamos em guerra. Os marinheiros não precisam morrer", diz a carta, publicada na última terça-feira pelo jornal californiano, localizado em San Francisco.
O secretário da Marinha, Thomas Modly, não gostou da carta. "Não estamos em guerra no sentido literal, mas tampouco estamos completamente em paz", comentou Modly, em entrevista coletiva, na quinta-feira. Ele chegou a anunciar a remoção do capitão. No entanto, após a grande repercussão negativa da decisão, Modly voltou atrás nesta sexta-feira e disse que Crozier será apenas "transferido".
Modly disse que 114 casos de coronavírus foram registrados na tripulação até agora, mas nenhum grave, e que Crozier exagerou quando sugeriu que os marinheiros morreriam sem uma ação rápida.
"Crozier mostrou ter um julgamento extremamente deficiente em meio a uma crise", disse Modly. O Pentágono pede aos militares que expressem suas críticas a seus superiores, respeitando as patentes. O Exército americano reclama que o capitão permitiu que sua carta chegasse à imprensa ao enviá-la com cópia para dezenas de pessoas.
Além disso, indicou o Pentágono, o comandante tomou a decisão de dar cinco dias de folga para suas tropas na última escala do Theodore Roosevelt, no começo de março, no Vietnã, quando o coronavírus atingia a Ásia.
O Roosevelt, um dos dois porta-aviões da Marinha dos EUA no oeste do Pacífico, está agora atracado em Guam, onde a maioria da tripulação está sendo alojada em terra para descontaminar o navio.
Ao chegar ao Roosevelt, o surto de coronavírus prejudicou uma peça-chave da prontidão militar dos EUA, embora as autoridades de defesa americanas digam que não há ameaças estratégicas imediatas e que o navio pode ser levado ao mar rapidamente, se necessário. / AFP e Reuters
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