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Afeganistão diz que só entrega Bin Laden com prova

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto as equipes de resgate ainda tentam localizar as vítimas dos ataques terroristas em Nova York e Washington, as atenções começam a se voltar para o Afeganistão, Estado islâmico que estaria abrigando o principal suspeito de autoria dos atentados, o dissidente saudita Osama Bin Laden, e que seria o primeiro alvo de uma retaliação dos Estados Unidos e de seus países aliados. O líder do Taleban, que controla o Afeganistão, Mullah Mohammad Omar, advertiu hoje os Estados Unidos a não assumirem julgamentos precipitados sobre quem seriam os autores dos ataques. Segundo ele, Bin Laden não poderia ter planejado os atentados pois ele não tem condições para arquitetar uma operação de tamanha complexidade. Omar disse que o Afeganistão só irá avaliar a possibilidade de extraditar Bin Laden se os Estados Unidos fornecerem "provas sólidas e convincentes" de seu envolvimento com terrorismo. O Taleban negou também que Bin Laden esteja sob prisão domiciliar, mas disse que restringiu o seu contato com o exterior, tornando assim mais difícil para ele liderar qualquer rede internacional. Pressão sobre o Paquistão Enquanto a população afegã está se preparando para um ataque estocando alimentos e procurando locais mais seguros, esse ambiente de crescente tensão também está dominando o Paquistão, vizinho do Afeganistão e um dos poucos países a apoiarem o regime do Taleban. Segundo a BBC, os chefes militares do Paquistão estão discutindo qual a atitude a ser tomada após os ataques terroristas de terça-feira. O governo norte-americano apresentou uma lista de pedidos específicos ao Paquistão, principalmente uma permissão para as suas forças militares terem acesso ao território e espaço aéreo paquistanês. Analistas dizem que qualquer ação militar contra o Afeganistão seria praticamente impossível sem uma cooperação do Paquistão, que integra o grupo de potências nucleares. O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, anunciou publicamente ontem que daria todo o apoio aos Estados Unidos. Ele reiteirou essa posição num telefonema com secretário de Estado Colin Powell, que descreveu a conversa como "positiva". Mas apesar da pressão norte-americana e de outras potências mundiais, ainda há muitas dúvidas sobre um eventual apoio do Paquistão a uma ação militar contra o seu aliado vizinho. Um ataque contra o Afeganistão, com ou sem a ajuda do governo paquistanês, certamente causaria uma forte reação da população do país. Por isso, a posição do governo paquistanês, apesar da retórica conciliadora com os Estados Unidos até o momento, ainda é uma incógnita. Coordenação internacional A participação de forças de vários países numa eventual ofensiva militar contra o Afeganistão e outros alvos é cada vez mais provável. O primeiro-ministro Tony Blair, que vem assumindo uma posição de liderança internacional no apoio aos Estados Unidos, ao falar hoje numa sessão de emergência do Parlamento britânico, reiteirou que os ataques nos Estados Unidos foram contra todo "o mundo livre e democrático". Ele voltou a dizer que pelo menos "cem britânicos, e talvez muito mais, morreram nos ataques nos Estados Unidos", o que transforma o caso no mais grave atentado terrorista já realizado contra a Grã-Bretanha. Blair disse que o seu país e outros aliados darão todo o apoio a uma eventual reação militar norte-americana, inclusive contra aqueles que "abrigam e protegem" os grupos terroristas, afirmação que foi interpretada como uma óbvia referência ao Afeganistão. Blair disse também que a reação contra o terrorismo será equilibrada e vai durar muito tempo. Ele conclamou a comunidade internacional a iniciar uma intensa e conseqüente discussão para combater o terror, através da revisão de leis de extradição, da repressão a meios de financiamentos de grupos paramilitares e do combate ao crime organizado internacional.

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