Afeganistão está em alerta nas vésperas das eleições

Talebã ameaçou atrapalhar pleito; cerca de 300 mil tropas afegãs e internacionais serão enviadas para proteger eleitores.

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Por BBC Brasil
Atualização:

As forças de segurança do Afeganistão estão em nível de alerta elevado na véspera das eleições presidenciais do país, com a ameaça da milícia Talebã de atrapalhar a votação. Cerca de 300 mil tropas afegãs e internacionais serão enviadas para proteger os 17 milhões de eleitores nos quase 7 mil pontos de votação. O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, pediu, nesta quarta-feira, para que os afegãos compareçam às urnas "pela estabilidade, pela paz e pelo progresso do país". Depois de uma breve cerimônia para marcar a independência do país, Karzai disse aos jornalistas que espera que todos os eleitores registrados votem no pleito. "Eu peço a toda a população, onde quer que estejam - em vilas, casas, em áreas remotas, nos vales - para que saiam e votem em seus milhões para fazer do país um sucesso ainda maior e melhor", disse o presidente. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que, ao participar da votação, os afegãos contribuirão para "trazer vigor à vida política do país e reafirmar seu compromisso em contribuir para a paz e prosperidade da nação". Preparação As urnas abrem na quinta-feira às 7 hrs, horário local (23:30 de quarta-feira, horário de Brasília). Ainda não está claro quantos pontos de votação irão operar por conta das ameaças à segurança do pleito. O ministro do Interior afegão disse que cerca de 35% do país se encontra em alto risco de ataques. Segundo ele, nenhum dos pontos de votação localizados nos oito distritos controlados pelo Talibã serão abertos. Além disso, cerca de 20% dos pontos ainda não receberam o material de votação, mas autoridades eleitorais afirmam que estes locais estarão preparados até o início das eleições. Nesta quarta-feira, a capital do Afeganistão, Cabul, foi palco de uma nova onda de violência. Soldados enfrentaram insurgentes que haviam invadido um banco localizado a algumas centenas de metros do palácio presidencial. Três insurgentes morreram. Com a ameaça do Talebã em prejudicar a votação, o governo fez um apelo para que os meios de comunicação não divulguem notícias de violência durante a quinta-feira para não assustar os eleitores e não levá-los a desistir de às urnas. Mas a iniciativa foi condenada por jornalistas e ativistas dentro e fora do país. Na terça-feira, pelo menos 20 pessoas morreram em ataques realizados em várias partes do Afeganistão. No pior deles, em Cabul, um carro-bomba explodiu perto de um comboio militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), deixando ao menos dez mortos. O Talebã assumiu a autoria do ataque. Candidatos Esta é a segunda vez que o Afeganistão realiza uma eleição presidencial desde a queda do regime do Talebã, em 2001. As pesquisas indicam que o atual mandatário e candidato à reeleição, Hamid Karzai, é o favorito. Entretanto, as analistas dizem que o ex-ministro do Exterior Abdullah Abdullah também tem chances na corrida, entre dezenas de candidatos. Além da onda de violência, a BBC descobriu ameaças de fraude e corrupção às eleições presidenciais. Milhares de títulos eleitorais teriam sido postos à venda e milhares de dólares oferecidos em suborno para a compra de votos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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