Afeganistão fecha jornal que publicou crítica a Karzai

Governo explicou decisão dizendo que país tem jornais "demais"

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo afegão fechou o segundo jornal mais popular do país após a publicação de uma série de artigos contendo críticas ao presidente Hamid Karzai - a mais recente repressão contra uma imprensa cada vez mais independente, depois de anos de censura. O jornal estatal Armon Mali - ou Vontade Pública - recebeu ordens na noite de sábado de suspender imediatamente sua publicação, informou hoje seu editor-chefe Mirhaidar Motahar. Segundo ele, o governo não apresentou as razões para o cancelamento da licença do jornal, que deixou 15 jornalistas e 17 outros funcionários desempregados. Mas Motahar acredita que foi porque líderes políticos se irritaram com artigos que destacavam a frustração pública com o governo apoiado pelos EUA. "As pessoas nos dizem que não estão satisfeitas com Karzai porque ele não está fazendo um bom trabalho e é isso que escrevemos", explicou. O vice-ministro da Informação Abdul Hamid Mubarrez negou que o governo tenha fechado o jornal para calar críticos. Ele alegou que centenas de jornais apareceram nos dois anos desde a derrubada do regime Taleban e, portanto, não havia necessidade de quatro diários estatais. O governo, então, decidiu fechar um deles. "Num país onde apenas 35% da população sabe ler, é demais 265 jornais", disse Mubarrez. "Então, decidimos diminuir o número".

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