Afegãos culpam pobreza, e não o Taleban, por conflito no país

Para 70%, miséria e desemprego são principais motivadores da guerra; corrupção também é criticada

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Por Redação
Atualização:

A maioria dos afegãos não vê o Taleban como a principal causa do conflito no país, mas sim a pobreza, o desemprego e a corrupção. A pesquisa, intitulada The Cost of War ("O Custo da Guerra"), aponta que sete entre dez entrevistados apontavam essas como as principais motivações da guerra.

 

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Depois de mais de três décadas de guerra, o Afeganistão é um dos países mais pobres e menos desenvolvidos do planeta. Além disso, é considerado o segundo mais corrupto do mundo. As taxas de desemprego chegam a 40% e mais da metade da população vive abaixo da linha da miséria. Para 70% dos consultados, a pobreza e o desemprego são as principais causas da violência. A sondagem foi realizada pela organização não-governamental britânica Oxfam com 704 afegãos em 14 províncias.

 

Entre outros fatores citados pelos entrevistados está a corrupção e a ineficácia do governo - causas consideradas mais importantes do que a violência do Taleban, por exemplo. Logo atrás da violência da milícia, os entrevistados apontaram a interferência de países vizinhos como o Paquistão e o Irã, a rede Al-Qaeda, a presença de forças internacionais e a falta de apoio da comunidade internacional como outros fatores responsáveis pelo conflito.

 

Segundo a BBC, a pesquisa aponta ainda que um em cada cinco afegãos já sofreu tortura, um em cada seis pensa em deixar o país, três quartos da população foi forçada a deixar suas casas desde 1979 e um em cada dez cidadãos já foi preso desde então.

 

"O povo do Afeganistão sofreu mais de 30 anos de rigoroso horror", disse a diretora-executiva da Oxfam, Bárbara Stocking, segundo a BBC. "Nesse período, milhões foram mortos e milhões fugiram de suas casas. Aqueles que cometeram os abusos mais terríveis aproveitam a impunidade em vez de enfrentarem a justiça. A sociedade afegã foi devastada", disse.

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Segundo a ONG, o relatório mostra que o Afeganistão precisa mais do que apenas soluções militares. De acordo com Bárbara, a mensagem da população comum do Afeganistão é a de que "todos os lados devem parar de alvejar civis". Ela afirma que os entrevistados pedem que as forças internacionais endureçam as restrições para ataques aéreos e ofensivas noturnas e uma investigação adequada para todas as alegações de mortes de civis.

 

Além disso, os entrevistados ainda querem que os "insurgentes parem de se refugiar em áreas civis, o que coloca afegãos normais na linha de frente do conflito". De acordo com ela, alguns entrevistados afirmaram ainda que a ajuda internacional para saúde, educação e criação de empregos não estava alcançando aqueles que mais precisam do auxílio no país.

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