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Afegãos falam do retorno do rei exilado

Por Agencia Estado
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Os dias do rei eram muito diferentes, dizem os afegãos. Eles se lembram dos duas felizes na escola, dos piqueniques nos finais de semana, das noites em que assistiam "E o Vento Levou..." e escutavam os discos de Tom Jones. E assim se lembram de como era viver em paz. O prisma da fantasia sempre foi colorido. Mas estas memórias, oferecidas esta semana por afegãos na cidade fronteiriça de Quetta, já que o país encara a ameaça de mais um conflito, são um pouco diferentes. Fala-se que 28 anos depois do sangrento golpe que o destronou, o rei exilado Mohammad Zaher Shah pode estar se preparando para retornar à nação que um dia ele dirigiu. "O rei permanece um símbolo de unidade entre a maioria dos afegãos. Atualmente não há ninguém mais que possa tomar seu lugar", diz Haji Dilbar, um ex-nômade de turbante apenas dois anos mais novo que o ex-rei de 86 anos. Como os Estados Unidos preparam uma investida contra o Taleban - que se nega a entregar o acusado pelos ataques terroristas nos EUA, Osama bin Laden - líderes do mundo já advertem que os dias do Taleban estão contados. Isto dirigiu as atenções para Zaher Shah, como o único homem que poderia unificar as facções afegãs para formar um novo sistema de governo, independente de ele voltar ou não a ocupar o trono. Zaher Shah vive exilado desde 1973 perto de Roma. Em Quetta, um cidade a 40 quilômetros da fronteira afegã, muitos afegãos parecem gostar da idéia, já que lembram dos tempos do rei como uma era de paz, época em que tinham escolas e acesso gratuito à educação. Depois que o Taleban tomou o poder, as escolas para meninas foram fechadas e os meninos passaram a ter apenas educação religiosa. E a maioria das formas de entretenimento leve como música e cinema foi banida. Mesmo os afegãos que cresceram na pobreza se lembram do passado como "os bons tempos". "Nós éramos pobres, mas as coisas eram boas. Nem todos tinham eletricidade ou água encanada, mas tínhamos algo mais importante: paz", disse Haji Dilbar, que fugiu com a família para o Paquistão depois da invasão soviética.

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