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África tem a pior infraestrutura do mundo, diz Banco Mundial

Relatório sugere que problemas no setor energético seriam principal ameaça ao crescimento.

Por BBC Brasil
Atualização:

O continente africano tem a pior infraestrutura do mundo, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Mundial. Durante o estudo, foram analisadas as infraestruturas em eletricidade, água, estradas e tecnologias de informação e comunicação em 24 países da África subsaariana. Segundo os resultados, publicados no relatório Africa's Infrastructure: A Time for Transformation ("Infraestrutura na África: Tempo de Transformação"), a falta de infraestrutura reduz a produtividade no continente em até 40%. "A infraestrutura moderna é a sustentação de uma economia e a falta dela inibe o crescimento econômico", afirmou o vice-presidente para a África do Banco Mundial, Obiageli Ezekwesili. Acesso O documento sugere que o acesso inadequado à energia é "o maior impedimento para o crescimento econômico do continente". Segundo o relatório, a falta de energia crônica afeta 30 países africanos. Além disso, a capacidade geradora de 48 países subsaarianos é de 68 gigawatts - menor do que a da Espanha. Do total gerado, 25% não está disponível por conta de estruturas antigas e manutenção escassa. Com relação à infraestrutura ligada aos recursos hídricos, o documento também aponta problemas como armazenamento inadequado, grande demanda e falta de cooperação supra-fronteiriça, que ameaçariam o setor hídrico no país. "Menos de 60% da população da África têm acesso à água potável. (...) Nos últimos 40 anos, somente 4 milhões de hectares de irrigação foram desenvolvidos, comparados com 25 e 32 milhões para a China e Índia, respectivamente", afirma o documento. Na avaliação do sistema de transporte, o documento afirma que os principais problemas do continente africano seriam a falta de eficácia nas conexões entre os diferentes meios de transporte (ar, terra e ferrovias), a falta de equipamentos nos portos, ferrovias antigas e acesso inadequado às estradas em todas as estações. Segundo o relatório, melhorar o acesso em áreas rurais é essencial para aumentar a produtividade agrícola em todo o continente. Por fim, a análise da infraestrutura em tecnologias de informação e comunicação indica que os altos preços de serviços como a telefonia celular é um problema nos países africanos. De acordo com o documento, apesar do aumento na demanda - o número de usuários aumentou em 170 milhões entre 2000 e 2007 - e dos investimentos do setor privado, os africanos continuam pagando um preço alto pelos serviços. Segundo o relatório, o preço médio de serviços pré-pagos de telefonia celular custam cerca de U$ 12 por mês na África, comparados com U$2 em países como a Índia e o Paquistão. Medidas O relatório do Banco Mundial estima que são necessários US$93 bilhões anuais na próxima década para melhorar a infraestrutura e amenizar os problemas no continente africano - o dobro do que havia sido estimado anteriormente. A nova estimativa representa cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do continente. Cerca de metade do dinheiro, sugere o documento, deveria ser investido em melhorar a crise do fornecimento de energia elétrica que ameaça o crescimento da África. O estudo sugere ainda que apesar da necessidade de mais investimentos, os gastos atuais do continente em infraestrutura são maiores do que se imaginava: US$ 45 bilhões por ano. A maioria deste dinheiro é financiada domesticamente, por contribuintes e consumidores. O Banco Mundial sugere ainda que além dos investimentos, o continente precisa lidar também com o desperdício para fazer melhor uso dos recursos já disponíveis e contribuir para o crescimento dos países africanos. "Esse relatório mostra que investir mais fundos sem lidar com as ineficiências seria como despejar água em um balde furado. A África pode tampar esses vazamentos com reformas e melhorias nas políticas que serviriam como um sinal para os investidores de que a África está pronta para os negócios", disse Ezekwesili. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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