África vê com indiferença aniversário dos atentados

Veja nosso especial Veja o especial The New York Times-O Estado de S. Paulo

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A África, castigada por guerras, carências e a aids, e marginalizada econômica e politicamente, permaneceu hoje relativamente indiferente às comemorações dos atentados de 11 de setembro, que parecem muito distantes de suas preocupações imediatas. Pouco ou nada se realizou em território africano para recordar os ataques contra Nova York e Washington, com exceção das cerimônias nas embaixadas dos EUA, organizadas em Abidjan (Costa do Marfim), Libreville (Gabão) e Rabat (Marrocos). Em Nairóbi, capital do Quênia - onde a embaixada dos EUA sofreu um atentado atribuído à Al-Qaeda em agosto de 1998 -, poucas personalidades foram convidadas a participar de uma missa comemorativa. As famílias das vítimas africanas dos atentados de 1998, que causou cerca de 250 mortos e mais de 5.000 feridos, ainda aguardam uma indenização. Em Ruanda, ainda sacudida pelo genocídio de 1994, o governo expressou sua total solidariedade para com os EUA - embora alguns políticos tenham ressaltado a desproporção no balanço de mortos de 11 de setembro (em torno de 3.000) e o massacre de hutus e tutsis. No primeiro aniversário do ataque aos EUA, a imprensa africana preferiu dar destaque para o que considera "os verdadeiros problemas" do continente e para o provável ataque americano ao Iraque. O jornal tunisiano Le Temps escreveu que "a melhor homenagem que a potência americana pode render às vítimas inocentes... é uma revisão de suas estratégias, no sentido de uma assistência mais eficiente e constante ao desenvolvimento". No Marrocos, o matutino Al Bayane estimou que Washington "não aprendeu" com o 11 de setembro e que a "cruzada" contra o terrorismo nada mais faz do que "reforçar os sentimentos antiamericanos". Muitos habitantes muçulmanos de Burkina Fasso e de Níger apareceram hoje com camisetas com o rosto do terrorista Osama bin Laden. A única exceção foi a África do Sul - o país mais rico do continente -, onde o Parlamento aprovou na terça-feira uma lei sobre a prevenção e a luta contra o terrorismo. Mas, diante do consulado dos EUA na Cidade do Cabo, cerca de 50 manifestantes gritaram slogans contra os EUA: "Atrás de cada Bush existe um terrorista", entoaram em zulu. "Em frente, Bin Laden".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.