Agências da ONU alertam para fome na Coréia do Norte

Um terço dos norte-coreanos nunca comem o suficiente, e metade da população passa fome de tempos em tempos, de acordo com as Nações Unidas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Agências assistenciais da Organização das Nações Unidas (ONU) advertiram para o perigo de uma crise alimentar na Coréia do Norte, onde as enchentes de verão destruíram as lavouras e agravaram a escassez de grãos crônica. "A situação é crítica", disse Simon Pluess, porta-voz do Programa de Alimentação da ONU (WFP), num comunicado à imprensa. "Cerca de um terço da população nunca come o suficiente, e metade da população passa por períodos em que não tem alimentação suficiente." A Coréia do Norte ainda não se recuperou da onda de fome que a atingiu nos anos 1990, e que segundo especialistas matou cerca de 2,5 milhões de pessoas, ou 10% da população. As tempestades de julho prejudicaram as áreas de produção de grãos e deflagraram um novo período de dificuldades. A avaliação é que o país tenha um déficit de um milhão de toneladas de cereais em 2007. Uma em cada três crianças norte-coreanas está desnutrida, o que atrapalha seu crescimento, disse ele. A assistência estrangeira à Coréia do Norte caiu drasticamente depois que o governo stalinista restringiu o acesso das agências assistenciais, afirmou a ONU. O WFP está fornecendo comida para apenas 700 mil do total de 1,9 milhão de norte-coreanos que afirmam estar precisando de alimentos. A agência recebeu apenas 15% dos US$ 102 milhões que tentou arrecadar para o país este ano, disse Pluess. "É provável que a situação se traduza no aumento nas taxas de desnutrição", afirmou o porta-voz. Os analistas afirmam que a Coréia do Norte não tem como produzir alimentos suficientes para sua população, e a situação piora porque boa parte da comida é entregue aos militares. Segundo Michael Bociurkiw, porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), as enchentes "dizimaram" a produção de alimentos no país. "Estamos lembrando hoje os doadores para que eles olhem para além da política e renovem seu apoio aos programas humanitários no país", disse ele. O Unicef recebeu menos de metade dos US$ 11,2 milhões que tentou arrecadar este ano para a Coréia do Norte. "É necessário um financiamento adicional imediatamente para garantir serviços básicos para mulheres e crianças em 2007."

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