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Agências da ONU encontram dificuldades para atuar no Líbano

Falta de acesso ao país, insegurança e destruição de vias de transporte dificultam o envio de ajuda; Unicef envia suprimentos no sábado

Por Agencia Estado
Atualização:

As agências humanitárias da ONU, que na segunda-feira pedirão fundos para o envio de ajuda ao Líbano, falaram nesta sexta-feira de sua pequena margem de manobra devido à falta de acesso ao país, à insegurança e à destruição de vias de transporte. A porta-voz do Escritório de Coordenação Humanitária da ONU (OCHA, na sigla em inglês), Elizabeth Byrs, anunciou nesta sexta em Genebra que no dia 24 de julho será enviado um pedido urgente de fundos para atender às necessidades do Líbano durante os próximos três meses, uma quantia que provavelmente superará os US$ 40 milhões. Algumas das agências humanitárias já adiantaram quais são suas necessidades. A Organização Internacional de Migrações (OIM) solicitará US$ 12 milhões, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), pelo menos US$ 18 milhões, e o Fundo da ONU para a Infância (Unicef), um mínimo de US$ 7,3 milhões. Uma porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA), responsável por coordenar os primeiros trabalhos, falou que serão feitos dois pedidos diferentes: um para atender necessidades alimentícias e outro para garantir a segurança, a logística e as telecomunicações. Doações Por enquanto, a União Européia (UE) anunciou a doação de US$ 10 milhões e o Banco Islâmico para o Desenvolvimento enviou US$ 2 milhões em ajuda ao Líbano. A prioridade das agências humanitárias é ter acesso a um país em que a infra-estrutura - incluindo estradas, hospitais, colégios, pontes, centrais elétricas, portos e aeroportos - ficou "totalmente destruída", segundo o OCHA. O PMA afirma que, por isso, o fornecimento de alimento é praticamente nulo e que a disponibilidade de água potável diminui à medida que os assentamentos aumentam. Necessidades Algumas clínicas do sul do Líbano já estão desabastecidas. Por este motivo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef iniciaram o envio de ajuda segundo as prioridades do governo libanês, que solicitou remédios e material médico como cloro, luvas cirúrgicas, filtros para diálise e refrigeradores. O país também considera urgente o envio de material para aquecer a população desabrigada (tendas, mantas, e geradores) e de equipamentos para controlar incêndios (extintores, espumas, mangueiras e veículos). Embora o PMA garanta ter um estoque suficiente para alimentar todo o país por até três meses, a porta-voz da agência explicou que o fornecimento pode "não chegar àqueles que necessitam, devido à falta de segurança e à infra-estrutura, que foi destruída". Vítimas Após uma semana de ataques, cerca de 300 pessoas morreram no Líbano (cem delas eram crianças, segundo o Unicef), e cerca de 860 ficaram feridas. Segundo o OCHA, 29 pessoas morreram e o número de feridos chega a 200 em Israel. Aproximadamente meio milhão de pessoas deixaram suas casas no Líbano (cerca de 200 mil são crianças, segundo o Unicef), embora a ONU reconheça a dificuldade do cálculo porque cerca de um terço dos desabrigados vive em casas de parentes em regiões mais seguras. Cada vez mais pessoas, entretanto, optam por ficar em colégios, onde o OCHA acredita que há cerca de 66.500 pessoas. O Unicef tenta garantir em alguns desses colégios as condições básicas de salubridade da água, cuidados médicos e o fornecimento de alimento. O número de pessoas que foram retiradas do país via Chipre chega a 60 mil, entre os 115 mil cidadãos de cerca de 20 nacionalidades que vivem no Líbano. O Acnur, que se encarrega de oferecer cuidados básicos nas fronteiras do país, calcula que há cerca de 20 mil refugiados e solicitantes de asilo, em sua maioria iraquianos. Ajuda Os governos de Sri Lanka, Bangladesh, Moldávia e Filipinas pediram à OIM ajuda para repatriar os cidadãos que ainda estão no Líbano. Na capital, a ONU calcula que há reserva de combustível para os próximos três dias apenas. A maioria das lojas está fechada e os poucos alimentos que circulam estão cinco vezes mais caros. Segundo a OMS, os hospitais de Beirute estão funcionando sem eletricidade. A organização alerta sobre o elevado número de diabéticos e doentes cardiovasculares que necessitam de tratamento e insiste na necessidade de que haja acesso a todos os doentes e à água potável, a fim de evitar a propagação da diarréia. Unicef Toneladas de kits de saúde, suprimentos sanitários e brinquedos serão levados ao Líbano nesse fim de semana através de Damasco de um depósito da Unicef na capital dinamarquesa, segundo disse uma porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância nesta sexta-feira. Um avião alugado vai deixar Copenhagen neste sábado em direção a Damasco com 38 toneladas de suprimento, incluindo sais de reidratação, tanques de água, milhares de baldes, sopa e tabletes de purificação de água. O carregamento também contém medicamentos e brinquedos. No domingo, outro avião, saindo de Luxemburgo, vai transportar um carga similar também preparada em Copenhagen. Da capital síria, os suprimentos serão levados de caminhão até o Líbano e distribuídos lá, disse Sandie Blanchet da Divisão de Suprimentos do Unicef. Estamos enfrentando muitos desafios. Levar os suprimentos ao seu destino final é um deles", disse Blanchet. "Além disso, a situação muda o tempo todo".

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