Agências humanitárias lutam para ajudar volta de refugiados libaneses

Segundo a Unicef, mais de 6.000 pessoas por hora estão se dirigindo ao sul do país

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Por Agencia Estado
Atualização:

Dezenas de milhares de libaneses se integraram nesta terça-feira a uma corrente de refugiados retornando a suas casas no sul do Líbano, seguidos por trabalhadores humanitários tentando suprir as necessidades básicas deles numa área onde prédios foram destruídos e serviços essenciais, como a eletricidade, cortados pelos bombardeios. "Mais de 6.000 pessoas por hora estão se dirigindo ao sul", contabilizou a porta-voz da Unicef, Wivina Belmonte. O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Antônio Gutierrez, disse a rádios portuguesas que sua agência, Acnur, está se esforçando para acompanhar a "surpreendente" volta em massa de civis libaneses. "Nossa primeira preocupação é colocar nosso pessoal o mais rápido possível nas áreas mais necessitadas", explicou. O Acnur iniciou seus trabalhos na fronteira síria, oferecendo, 24 horas por dia, água, alimentos, toalhas e sal de reidratação e outros serviços aos refugiados retornando ao Líbano, afirmou a porta-voz Jennifer Pagonis. Outras equipes do Acnur se posicionaram ao longo das rodovias fortemente danificadas por bombardeios dentro do Líbano, entregando colchões, água e lonas de plástico para serem usadas como abrigo para aqueles cujas casas foram destruídas, acrescentou. A agência estima que cerca de 1 milhão de libaneses fugiram de suas casas durante os combates. A maioria permaneceu no Líbano, embora cerca de 200.000 tenham cruzado as fronteiras, principalmente para a Síria. Depois de semanas em que o trânsito de comboios humanitários foi quase impossível devido à intensidade dos bombardeios, carregamentos com produtos básicos começaram a chegar a áreas isoladas no sul do Líbano após entrar em vigor o cessar-fogo na segunda-feira, relataram oficiais da ONU. Funcionários da ONU também estão promovendo um esforço especial avisando aos que retornam, principalmente às crianças, para tomarem cuidado com bombas e munições não explodidas. "Essa guerra deixou para trás milhares de munição e bombas de fragmentação (cluster)", adverte um folheto em árabe entregue pela Unicef. "Para sua segurança e para a segurança de seus filhos você deve saber que em todos os locais onde houve bombardeios pode haver objetos estranhos ou bombas cluster de diferentes formatos, cores e tamanhos." "Cuidado, seja cuidadoso, não se aproxime deles, não os toque porque eles podem explodir e matar. Se você vir algo estranho, relate à força do Exército ou de segurança interna mais próxima, ou entre em contato com o escritório de erradicação de minas." A porta-voz do Programa Mundial de Alimentação, Christiane Berthiaume, disse que um navio carregando 21 caminhões repletos de alimentos, água potável, produtos de higiene e tabletes de purificação de água, assim como dois com combustível, partiu de Beirute para Tiro nesta terça-feira, evitando congestionar ainda mais as caóticas rodovias. "Devido ao bloqueio (marítimo) israelense (ainda em vigor) não podemos ir diretamente para Tiro. Temos de ir direto até 65 km da costa e então virar para o sul e retornar às águas territoriais", explicou Berthiaume. "Ao invés de quatro horas de viagem, levaremos 16 horas para chegar a Tiro." Apesar de um comboio de 19 caminhões ter conseguido ir de Beirute para Hasbaya, ao norte de Marjayoun, outro comboio de 15 caminhões que seguia para Rmeish, sul do Líbano, ainda estava em trânsito ao anoitecer, relatou Berthiaume, destacando que as condições das estradas bombardeadas são muito precárias. Pela primeira vez em 10 dias, comboios de caminhões-tanque seguiam nesta terça-feira para o sul com 60 toneladas de combustível destinados a alimentar geradores de 18 hospitais da região, ainda sem energia elétrica, disse Fadela Chaib, da Organização Mundial da Saúde.

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