Agentes de segurança palestinos protestam por salários

A falta de recursos na ANP é causada pelo boicote de seus principais doadores, a União Européia (UE) e os Estados Unidos

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Por Agencia Estado
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Milhares de agentes de segurança da Autoridade Nacional Palestina (ANP) apedrejaram nesta quinta-feira a sede do Conselho Legislativo na cidade de Gaza, para exigir que o governo do primeiro-ministro Ismail Haniye pague seus salários. Os agentes das forças de segurança da ANP, cerca de 70.000 efetivos, e outros 60.000 funcionários públicos, entre médicos e professores, já estão sem receber há três meses por falta de recursos. Alguns dos manifestantes tentaram invadir o edifício, mas os seguranças os impediram atirando para o alto. Não há informações sobre vítimas. Haniye informou na quarta-feira que, "nos próximos dias", serão pagos os que recebem o equivalente a US$ 370 mensais, quase 40.000 funcionários. A falta de recursos na ANP é causada pelo boicote de seus principais doadores - a União Européia (UE) e os Estados Unidos - ao governo do Hamas, de quem exigem uma série de medidas para retomar as contribuições. As exigências, recusadas por Haniye, são o reconhecimento da legitimidade do Estado judeu, dos acordos assinados pela ANP com Israel desde 1993, e o desarmamento do Hamas. Israel, que recolhe os impostos da ANP devido a um acordo de 1995, interrompeu suas transferências em março, depois da posse do governo do Hamas, com o argumento de que os US$ 50 milhões repassados poderiam "chegar às mãos dos terroristas palestinos". Até o momento, Israel aprovou a transferência de US$ 11 milhões em equipamentos médicos e remédios. Fontes do governo informaram que o ministro das Finanças da ANP, Abdel Razeq, propôs demitir 11.000 funcionários públicos, aposentar outros 5.000 e alienar bens da ANP para evitar que a situação fique mais agrave. Representantes do Quarteto de Madri - EUA, UE, Rússia e ONU -, decidiram há duas semanas criar um mecanismo para transferir suas doações ao presidente da ANP, Mahmoud Abbas, para atender apenas as necessidades humanitárias da população palestina. Segundo um último relatório da ONU divulgado esta semana, atualmente, as famílias na Faixa de Gaza contam em média com menos de US$ 3 por dia para subsistência.

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