Agressor de Ohio se inspirou no EI e em ex-líder da Al-Qaeda, diz FBI

Em mensagem no computador, o jovem somali elogia Al-Awlaki e diz que 'mataria 1 bilhão de infiéis' para salvar a vida de um só muçulmano

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WASHINGTON - O jovem somali que usou um carro e uma faca para ferir 11 pessoas na segunda-feira em uma universidade de Ohio, nos Estados Unidos, "pelo menos" se inspirou no grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e no líder da Al Qaeda assassinado Anwar al-Awlaki, informou o FBI nesta quarta-feira. Os agentes que investigam o ataque não têm informação sobre outros envolvidos, mas consideram que o estudante Abdul Razak Ali Artan, de 18 anos, "ao menos foi inspirado" pelo EI e por Al-Awlaki, clérigo radical morto pelos EUA em 2011. A afirmação foi feita pela agente especial do FBI Angela Byers em entrevista coletiva na qual foi cautelosa quando questionada se este é um caso de terrorismo, ao afirmar que "é muito cedo para saber se é terrorismo e nenhuma conclusão pode ser feita". Sobre a atribuição do ataque feita pelo EI através da agência de notícias filiada Amaq, a agente lembrou que o grupo "costuma atribuir a si este tipo de ataque quando o autor está morto e não pode dizer por que fez (o atentado)". A investigação em andamento inclui uma análise exaustiva de "equipamentos eletrônicos e redes sociais" do agressor - que foi morto a tiros por um agente -, do veículo com o qual atropelou várias pessoas e "dúzias" de entrevistas com seus parentes e conhecidos. A polícia pediu aos cidadãos informação sobre onde o agressor esteve e o que fez antes de cometer o ataque naquela manhã. O único dado descoberto é que ele deixou a irmã na aula e depois comprou uma faca em um estabelecimento da rede Wal-Mart, mas não foi confirmado que este seja a mesma usada no ataque. O veículo com o qual atropelou um grupo de pessoas estava registrado no nome de seu irmão, disse o subchefe de polícia de Columbus, Michael Woods. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu na manhã desta quarta-feira uma mensagem sobre o incidente em sua conta na rede social Twitter. "O EI está levando crédito pelo terrível ataque com faca na Universidade de Ohio por um refugiado somali que não deveria ter estado em nosso país", afirmou. O jovem agressor é um refugiado somali que saiu do país de origem com sua família em 2007. Depois, viveu no Paquistão e em 2014 chegou aos Estados Unidos, onde obteve a residência permanente. Viveu por um curto período em Dallas, no Texas, antes de se mudar para Columbus, a capital de Ohio, segundo informaram fontes policiais às principais televisões americanas. A agência de notícias Amaq, filiada aos jihadistas, disse na terça-feira que o jovem era um "soldado" do EI, mas os investigadores ainda não encontraram provas de comunicação entre o estudante e grupos terroristas. O jovem publicou na segunda-feira uma mensagem no Facebook, que apagou pouco antes do ataque, no qual chamava de "herói" Al-Awlaki, segundo explicaram fontes policiais às emissoras NBC eFox News. Além disso, pedia aos EUA que deixassem de "interferir em outros países, especialmente os do mundo islâmico". O estudante alertava que tinha chegado "a um ponto de ebulição" e dizia que "mataria um bilhão de infiéis" para salvar a vida de um só muçulmano, relatam as mesmas fontes. "Por Alá, não os deixaremos dormir a não ser que deem paz aos muçulmanos. Não terão ou desfrutarão nenhuma festividade", acrescentava a mensagem do jovem na rede social. O ataque começou por volta das 9h52 (12h52 em Brasília) da segunda-feira, quando o jovem atropelou um grupo de pessoas para depois sair e atacar indiscriminadamente os pedestres com um facão. O vídeo das câmeras de segurança do campus confirmaram que o jovem chegou no veículo e realizou o ataque sozinho, explicou na segunda-feira em entrevista coletiva o chefe da polícia da universidade de Ohio, Craig Stone. A tragédia não foi maior porque, em questão de dois minutos, o agente da universidade Alan Horujko, de 28 anos, matou o agressor a tiros. / EFE