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Águas do Elba atingem centro barroco de Dresden

Enchentes afetam 4 milhões na Alemanha e deixam mais de 100 mil desabrigados Veja a galeria de fotos

Por Agencia Estado
Atualização:

Bombeiros e voluntários não conseguiram controlar a fúria das águas do Rio Elba, que invadiram na madrugada de ontem o centro barroco de Dresden, a histórica capital da Saxônia, e forçaram a retirada de pelo menos 30 mil pessoas da cidade e distritos vizinhos. A enchente do Elba, resultado de cerca de dez dias de chuvas torrenciais na Europa central, atingiu no início da tarde 9,25 metros - o maior nível desde 1845, conhecido como "ano do dilúvio de Dresden", quando as águas subiram 8,77 metros. Meteorologistas prevêem que o pico máximo será registrado hoje: 9,6 metros. Eles estão prevendo mais chuvas para este fim da semana. As enchentes mataram pelo menos 100 pessoas na Alemanha, Rússia, Áustria e República Checa. Só em território alemão foram afetadas mais de 4 milhões de pessoas - das quais 100 mil ficaram desabrigadas. "O nível das águas continua crescendo a razão de 4 centímetros por horas", disse o prefeito de Dresden, Ingolf Rossberg. "É impossível, neste momento, prever o que ocorrerá." Ele calcula em US$ 100 milhões os danos causados só no centro histórico. Palácio Zwinger O famoso Palácio Zwinger, que abriga uma das mais importantes galerias de arte da Europa, teve o andar térreo inundado. "Felizmente, as obras estão salvas", ressaltou o prefeito. Onze mil quadros e estatuetas foram levados a andares superiores. Zwinger é um edifício barroco que sofreu graves danos durante os bombardeios na 2.ª Guerra. Foi restaurado pelo regime comunista da ex-RDA. Outros prédios históricos, como o Teatro Semper, a catedral e a estação também estão ameaçados. A situação do teatro é menos preocupante. "Acho que estamos conseguindo evitar danos maiores na ópera", disse Rossberg. "A sala de concertos e o fosso da orquestra sinfônicas estão salvos. Mas o teatro permanecerá fechado por dois meses, pelo menos." Assessores do prefeito disseram que um levantamento exato dos prejuízos no centro barroco só será possível quando as águas baixarem. No entanto, acreditam que todo o investimento do governo federal ali e em outras áreas banhadas pelo Elba, após a reunificação da Alemanha, "pode ter sido levado pelas águas". As pontes de Dresden estão interditadas e os desabrigados foram levados a um acampamento montado pelo Exército a 20 quilômetros de distância. Toda a região banhada pelo Elba que corre para o norte da Alemanha está sob as águas. Boa parte dos moradores de Meissen, Bitterfeld, Dessau e Magdeburg tiveram de abandonar suas casas. Alívio em Praga O nível do Rio Vltava (ou Moldau) baixou ontem, aliviando a situação de Praga, capital da República Checa, que também teve ameaçado seu centro velho. Os moradores retirados da região estão retornando. No resto do país, a situação continua dramática. Os prejuízos elevam-se a vários milhões de dólares. Porém, o perigo de contaminação do ar por gás de cloro, que vazou quarta-feira da fábrica de produtos químicos Spolana, já passou. A situação também foi controlada em Bratislava, capital da Eslováquia, banhada pelo Danúbio. Em Viena, Áustria, as águas do Danúbio baixaram e os trabalhos de limpeza estão adiantados. A União Européia prometeu ajudar. Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, visitou a região. E o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, vai se reunir com os colegas da Áustria e República Checa.

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