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Ahmadinejad quer expurgar professores universitários liberais

No começo do ano, dezenas de docentes e professores universitários com posição mais liberal foram aposentados

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, exortou os estudantes a "promoverem um expurgo dos professores seculares e com idéias liberais das universidades, em mais um sinal de que está determinado a reforçar o fundamentalismo islâmico no país. O apelo de Ahmadinejad não foi surpresa. Desde que assumiu o cargo, há um ano, ele também substituiu políticos veteranos pragmáticos do governo e do corpo diplomático por ex-comandantes militares e religiosos inexperientes mas que defendem uma linha mais dura de governo. No início deste ano, dezenas de docentes e professores universitários com posição mais liberal foram aposentados. Em novembro do ano passado, pela primeira vez foi nomeado um clérigo para dirigir a mais antiga instituição universitária do país, a Universidade de Teerã - o que provocou vigorosos protestos dos estudantes. O governo também adotou medidas repressivas contra jornalistas independentes, websites e bloggers. Contudo, este novo apelo é mais um sinal de que o presidente está decidido a transformar o Irã, que ainda possui facções moderadas poderosas, e reviver os objetivos fundamentalistas perseguidos nos anos 80, quando o país era governado pelo falecido aiatolá Ruhollah Khomeini, pai da Revolução Islâmica de 1979. "É horrível. Não esperava absolutamente que Ahmadinejad, que em sua campanha presidencial disse ser também um professor universitário, tentaria privar outros professores de seus empregos por causa de diferenças políticas", disse um universitário formado que não quis ser identificado. Esse pedido de um expurgo, feito na terça-feira, de certa forma é um eco sinistro dos tempos da revolução. "Hoje os estudantes devem bradar ao seu presidente e perguntar por que professores universitários seculares e de tendências liberais estão presentes nas universidades", disse o presidente, durante encontro com um grupo de estudantes, de acordo com informação da agência oficial de notícias da República Islâmica. Ahmadinejad queixou-se de dificuldades para implementar reformas nas universidades do país, dizendo que, nos últimos 150 anos, o sistema educacional vem sendo prejudicado pelo secularismo. Mas acrescentou que "a mudança foi iniciada". Não ficou claro se Ahmadinejad pretende adotar medidas específicas imediatas ou se estava apenas exortando os estudantes a tomar partido. "Este é o início de uma chamada revolução cultural. Ahmadinejad e seus aliados pretendem varrer seus oponentes das universidades", disse Saeed Al-e Agha, professor da Universidade de Teerã. "Eles querem controlar o cérebro da juventude." O presidente, como chefe do Conselho da Revolução Cultural do país, tem autoridade para, ele próprio, realizar as mudanças. Mas, aparentemente, seu objetivo, na terça-feira, foi estimular os próprios estudantes defensores de uma linha dura a iniciarem uma campanha de pressão sobre as universidades.

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