17 de agosto de 2010 | 00h00
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem que a iraniana condenada à morte, Sakineh Ashtiani, não será enviada ao Brasil para "não criar problemas" para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Há duas semanas, o Palácio do Planalto indicou que estaria disposto a recebê-la como refugiada, mas as declarações de Ahmadinejad praticamente eliminaram essa possibilidade.
Além da resposta pouco animadora do presidente iraniano, a Embaixada do Irã em Brasília também criticou a oferta brasileira de asilar uma iraniana condenada à morte por apedrejamento. "Será que a sociedade brasileira e o Brasil precisarão ter, no futuro, um lugar para os criminosos de outros países em seu território?", questionou a embaixada, em nota oficial.
Em 2006, a iraniana havia sido condenada a 99 chibatadas por adultério. Um ano depois, sua pena foi revista e ela foi sentenciada à morte por apedrejamento. Diante da pressão internacional, há dez dias, o governo iraniano desistiu do apedrejamento, mas modificou a pena para incluir também a condenação pela morte do marido. Nesse caso, ela seria enforcada.
Sem acordo. O Brasil, que inicialmente hesitou em intervir, mudou de tom há um mês, quando Lula sugeriu dar asilo para a condenada. Ontem, Ahmadinejad foi enfático. "Não há necessidade de criar problemas para o presidente Lula", disse em uma transmissão pela TV.
O iraniano alegou que há juízes independentes no país. "Conversei com o chefe do Judiciário e ele também não concorda (com a oferta brasileira)", afirmou Ahmadinejad, que deixou claro que o caso é um assunto interno. / COM AP E FRANCE PRESSE
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.