Ahmadinejad rejeita proposta européia para solucionar crise

Em contrapartida, Teerã oferece incentivos econômicos à Europa se seu programa nuclear for aceito

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Por Agencia Estado
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O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, rejeitou nesta quarta-feira a proposta européia de auxiliar o país na produção de energia nuclear em troca de suspender o enriquecimento de urânio, e insistiu em que Teerã "não renunciará a seus direitos". Na terça-feira a União Européia ofereceu um reator de água-leve, que tem menos probabilidade de ser utilizado para a produção de armamentos nucleares do que o reator de água-pesada. O Irã deve acabar a construção de um reator de água-pesada no começo de 2009. A proposta da UE foi rejeitada firmemente pelo porta-voz do ministro do Exterior, Hamed Reza Asefi. "Acham que estão lidando com uma criança a quem podem pedir seu ouro em troca de chocolate", disse o líder ultraconservador em discurso para milhares de pessoas na cidade de Arak, no centro do país e em resposta a multidão respondeu "nós te amamos Ahmadinejad". Há dois dias, ministros de Assuntos Exteriores da tríade européia - França, Reino Unido e Alemanha - informaram a colegas europeus em Bruxelas sobre um plano de incentivos ao Irã. O plano inclui medidas de coerção caso Teerã continue a desrespeitar as deliberações da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). "Como algumas nações se atrevem a enganar o povo do Irã prometendo incentivos para impedir seu desenvolvimento científico?", acusou Ahmadinejad, referindo-se às propostas européias. O presidente também garantiu que o povo da República Islâmica "se esforçará até o fim para conquistar seus direitos" e que "as ameaças e pequenos incentivos não levarão o povo iraniano a mudar de postura". Hamed Reza Asefi, ressaltou nesta quarta-feira que o Irã não recebeu oficialmente o plano europeu. Mas considerou que os incentivos "não podem substituir os direitos do Irã. É preciso reconhecê-los oficialmente". Asefi afirmou ainda que a República Islâmica está disposta a oferecer "incentivos econômicos à Europa se apoiar os direitos do Irã". O chefe da diplomacia iraniana, Manouchehr Mottaki, foi mais direto ao afirmar na terça-feira que o Irã exige que a proposta européia reconheça o direito iraniano de desenvolver atividades nucleares com fins pacíficos, incluindo o enriquecimento de urânio. Enquanto isso, continuam as negociações para que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução vinculativa que obrigue o Irã a obedecer as exigências da AIEA de pôr fim às atividades de enriquecimento de urânio, suspeitas de terem fins militares. O pacote de medidas deverá ser apresentado na reunião de representantes do Conselho de Segurança (Rússia, China, EUA, França e Reino Unido) na sexta-feira em Londres. Até agora a China e a Rússia se opuseram a uma resolução vinculativa nas Nações Unidas porque abriria caminho para a imposição de sanções internacionais contra Teerã. O Irã rejeitou reiteradamente as exigências de suspender suas atividades nucleares e garante que pretende apenas gerar eletricidade. Em agosto, Teerã rejeitou outros incentivos apresentados pela União Européia (UE). Com isso, encerrou quase dois anos de negociações sobre seu programa nuclear. Matéria atualizada às 14h25

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