Aiatolá avisa que Irã pode prejudicar fluxo de petróleo

Ameaça de Khamenei surpreendeu analistas políticos pois até então as autoridades iranianas vinham indicando que não usariam o petróleo como arma de pressão

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Por Agencia Estado
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O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, advertiu os EUA neste domingo de que, se tomarem uma atitude errada em relação ao Irã, o fluxo do petróleo pela região do Golfo Pérsico poderá ser "seriamente prejudicado". Ele se referia aos transporte do produto pelo estratégico Estreito de Ormuz, que fica entre o Irã e os Emirados Árabes Unidos. Por ali passam petroleiros vindos da Arábia Saudita, dos Emirados, Kuwait, Iraque e Catar. Os EUA acusam o Irã de ter um plano secreto para fabricar armas atômicas, por isso exigem, com o apoio dos europeus, Rússia e China, que o país interrompa seu programa de enriquecimento de urânio. Esse processo tanto pode ter usos pacíficos, como na produção de energia elétrica, como ser desviado para a fabricação de bombas atômicas. A ameaça de Khamenei surpreendeu os analistas políticos porque até então as autoridade iranianas vinham indicando que não usariam o petróleo como arma de pressão. O país é o quarto maior exportador do produto. "Os EUA deveriam saber que o menor comportamento errado de sua parte poria em risco a segurança da energia na região. Vocês não são capazes de garantir a segurança da energia nesta região", advertiu Khamenei, durante um discurso para marcar o 17º aniversário da morte do aiatolá Khomeini, líder da Revolução Islâmica, de 1979. Khamenei não fez referências ao acordo firmado na quinta-feira, em Viena, pelos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, EUA, França e Grã-Bretanha), mais a Alemanha, o qual prevê a oferta de um pacote de benefícios ao Irã para que desista de enriquecer urânio. As seis potências não divulgaram publicamente as propostas, mas diplomatas em Viena indicaram que inclui a oferta de um reator nuclear, cooperação tecnológica e garantias de segurança (de que o Irã não será atacado). Esta semana o secretário de Política Externa e Segurança da União Européia, Javier Solana, irá a Teerã apresentar a proposta. Resposta americana A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, procurou dar pouca importância à ameaça do aiatolá Ali Khamenei sobre possíveis problemas no abastecimento de petróleo. "Nós não deveríamos pôr ênfase demais numa ameaça desse tipo", disse ela à TV Fox News. "Acredito que cerca de 80% do orçamento do Irã vem da renda do petróleo. Então, obviamente, seria um problema muito sério para o Irã se o petróleo for prejudicado." Condoleezza repetiu que o Irã tem direito de manter um programa nuclear para uso civil. Contudo, ela não quis revelar detalhes do pacote de benefícios que será oferecido ao país para que desista do enriquecimento de urânio.

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